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Áreas Protegidas

O que é um Monumento Natural e quantos temos em Portugal?

Um Monumento Natural é uma ocorrência natural com um ou vários aspetos que, por serem únicos, raros ou notáveis e representativos em termos ecológicos, estéticos, científicos e culturais, exigem ser conservados. Descubra os Monumentos Naturais classificados em Portugal continental, em 2025..

A classificação de um local como Monumento Natural pretende proteger as ocorrências naturais (e suas zonas circundantes), cuja singularidade, raridade ou representatividade importa preservar, criando oportunidades para a investigação, educação e apreciação pública, e impedindo ou limitando atividades que as possam alterar as suas características.

Os Monumentos Naturais integram a Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), que tem cinco outras tipologias de áreas protegidas: Parque Nacional, Parque Natural, Reserva Natural, Paisagem Protegida e Área Protegida Privada. Em 2025, temos nove Monumentos Naturais em Portugal continental, segundo indica o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e mais de 50 áreas protegidas no âmbito da RNAP.

Podem existir Monumentos Naturais de âmbito nacional, regional ou local, o que possibilita às autoridades regionais e locais propor (e aprovar) a respetiva de classificação, segundo indica a legislação que regulamenta as áreas protegidas – o “Regime jurídico da conservação da natureza e da biodiversidade”.

9 Monumentos Naturais para descobrir entre Penacova e Sesimbra

Uma parte significativa das áreas classificadas como Monumento Natural em Portugal continental são ocorrências geológicas, que podem ter valor natural intrínseco e adicionalmente conter registos com outros valores que também justificam a proteção, como acontece, por exemplo, com o valor científico, educativo e até turístico das jazidas com pegadas de dinossáurios.

Descubra os valores naturais que podemos encontrar nos nove Monumentos Naturais de Portugal continental.

Mapa dos Monumentos Naturais, Portugal continental

Saiba mais sobre as diferentes Áreas Protegidas em Portugal continental, o que as distingue e os principais valores naturais e seminaturais que justificam a sua conservação.

1. Monumento Natural da Livraria do Mondego, em Penacova

Localizado nas duas margens do rio Mondego, em Vila Nova, no concelho de Penacova, o Monumento Natural da Livraria do Mondego inclui um conjunto rochoso de bancadas fraturadas de quartzítico, dispostas quase na vertical.

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O seu nome deve-se ao aspeto criado pelas fissuras, que, segundo dizem, fazem lembrar lombadas de livros arrumadas numa estante. Este é um Sítio com elevado interesse científico, didático e paisagístico.

É possível descobrir esta paisagem caminhando pela margem esquerda do rio e pode até seguir-se o percurso interpretativo da Livraria do Mondego, um caminho linear de apenas 800 metros.

2. Monumento Natural do Cabo Mondego, na Figueira da Foz

Entre as praias da Murtinheira e da Figueira da Foz, na única área escarpada da costa central portuguesa, um extenso afloramento rochoso, da época jurássica, ergue-se junto às águas e, num determinado ponto, irrompe mar adentro.

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O Monumento Natural do Cabo Mondego abrange 117,67 hectares de mar e terra, incluindo rocha, sedimentos e registos fossilizados que são referenciados mundialmente como o melhor e único local no planeta para estudar rochas com cerca de 170 milhões de anos.

Esta “viagem ao passado” permite aprofundar o conhecimento sobre estas formações rochosas e o seu significado na formação dos continentes e oceanos. A importância que é reconhecida ao local levou à sua identificação com um “Prego Dourado” (Golden Spike), uma atribuição da IUGS – International Union of Geological Sciences.

3. Monumento Natural das Portas de Ródão, em Vila Velha de Rodão

Na interseção do relevo quartzítico da serra das Talhadas com o rio Tejo, há um estreitamento do vale provocado pela erosão, que remonta há cerca de 2,5 milhões de anos. Chamam-lhe Portas de Ródão e, naquele troço, o rio corre entre duas paredes escarpadas que se elevam aos 170 metros, como se de duas portas se tratassem: uma a marcar o Norte, em direção a Castelo Branco, outra a indicar o Sul, em direção a Nisa.

Esta paisagem rochosa, estruturada em terraços e plataformas, atrai a maior colónia de grifos em Portugal, além de várias outras espécies aves, como a cegonha-preta, o abutre-preto ou a águia-de-Bonelli. Nas margens das calmas águas avistam-se lontras e, na vegetação, salienta-se o zimbro (Juniperus spp.).

Descubra mais sobre a paisagem e valores naturais das Portas de Rodão e, no local, pode seguir a  Pequena Rota Caminho das Virtudes.

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4. Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém / Torres Novas

No Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, há outro Monumento Natural que protege uma jazida – a jazida da Pedreira do Galinha – que guarda um dos valores paleontológicos mais importantes em Portugal. Na laje calcária ficaram conservadas pegadas de dinossáurios ao longo de 175 milhões de anos, podendo ser observados 20 trilhos. Um deles é das mais longas pistas de pegadas de dinossáurios saurópodes já conhecidas.

Para descobrir mais sobre a história destes gigantes e sobre a evolução do planeta, foi criado um circuito pedagógico que conta com painéis informativos e leitores de paisagem. Este conhecimento é apoiado por sessões audiovisuais e é ainda possível, por marcação prévia, efetuar visitas guiadas ao local.

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5. Monumento Natural do Canhão Cársico de Ota, em Alenquer

É um vale escarpado, escavado pela passagem da ribeira da Ota desde o Jurássico Superior e guarda um dos mais valiosos tesouros do concelho de Alenquer: um desfiladeiro ou “canhão” com escarpas a pique, densamente verde. Disperso por 316 hectares, por ali habitam mais de 60 espécies de aves e mais de 360 espécies de plantas, algumas importantes em termos de conservação – raras, endémicas, localmente ameaçadas ou em perigo de extinção.

O impacte da paisagem e a sua riqueza em biodiversidade justificaram a abertura, em 2024, do Centro de Interpretação do Canhão Cársico de Ota (aberto de segunda a sexta-feira) que divulga este Monumento. A Câmara Municipal de Alenquer promove, por vezes, passeios botânicos que permitem descobrir os seus valores naturais.

6. Monumento Natural de Carenque, em Sintra

Localiza-se em Belas, no concelho de Sintra e foi classificado pelas pegadas de dinossáurios ali existentes, com cerca de 92 milhões de anos. Descoberta em 1986, numa pedreira abandonada, esta é a única jazida do Cretácio Superior em Portugal e reúne mais de uma centena de pegadas.

Para salvaguardar esta relíquia do passado, as pegadas voltaram a ser cobertas, após terem sido feitos moldes de todas elas. Embora a importância do local seja reconhecida, não há, em 2025, nada que se possa visualizar nem existe nenhuma atividade educativa ou turistíca associada a esta jazida.

7. Monumento Natural dos Lagosteiros, em Sesimbra

A norte da praia dos Lagosteiros, a cerca de quilometro e meio a norte do cabo Espichel, observam-se, no topo da arriba, pegadas de dinossáurios que testemunham a sua passagem por esta zona há 130-133 milhões de anos. A pegada mais longa é atribuída a um ornitópode (dinossáurio bípede herbívoro). Este Monumento Nacional não é o único nesta zona a assinalar a presença destes antepassados.

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8. Monumento Natural da Pedra da Mua, em Sesimbra

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Também a comprovar a riqueza do cabo Espichel em registos fósseis, na arriba sul da praia dos Lagosteiros fica aquela que é considerada a mais espetacular destas jazidas, devido ao sítio privilegiado em que se situa e pela excelente conservação das impressões (visíveis na imagem). Este monumento e o anterior, localizados no concelho de Sesimbra, estão integrados no Parque Natural da Arrábida.

9. Monumento Natural da Pedreira do Avelino, em Sesimbra

Ainda no concelho de Sesimbra, mais precisamente no Zambujal, há outro importante conjunto de pegadas de dinossáurios herbívoros, da há cerca de 155 milhões de anos. A laje principal está inclinada, facilitando a sua observação e há mais de 100 pegadas para descobrir. Foram identificadas nos finais da década de 80 do século XX e o local foi classificado como Monumento Natural em 1997.

Esta jazida pode visitar-se e conta inclusive com o Núcleo Interpretativo da Jazida de Icnofósseis da Pedreira do Avelino, que apoia o conhecimento sobre estes registos.