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Turismo e Lazer

Praias fluviais: com os pés no rio e os olhos na floresta

Águas cristalinas envoltas por margens verdes com sombras refrescantes. São assim muitas das cerca de 250 praias fluviais que convidam a desacelerar e a apreciar a natureza de norte a sul de Portugal. Descubra oito destas praias, do Minho ao Algarve.

O nosso país tem uma longa linha de costa com centenas de praias oceânicas. Contudo, são vários os locais no interior onde existem praias fluviais. Nos cursos de rios, em barragens, represas naturais ou cascatas, estas zonas têm vindo a ganhar reconhecimento.

Em 1993, eram conhecidas 23 zonas de águas balneares interiores em Portugal. O segundo Quadro Comunitário de Apoio (1994 a 1999) deu início à valorização destas zonas, criando acessos, infraestruturas e atraindo visitantes para zonas do país que não eram até aí destinos privilegiados para férias ou, simplesmente, para fruição da natureza. O número de praias fluviais aumentou a partir de 1998 e em 2022, de acordo com a Aquapolis, o país conta com cerca de 250, 50 das quais com “Bandeira Azul”.

Rios, barragens, lagoas e outros espelhos de água tornaram-se numa referência para descobrir o interior do país, até porque a maioria tem nas proximidades outros pontos de interesse para desvendar, desde a gastronomia à história e paisagem.

Com maior ou menor intervenção humana, com ou sem classificação da água balnear e vigilância, há praias fluviais para todos os gostos. Se a envolvente natural e florestal fizer parte dos seus requisitos, prepare-se para trocar a água salgada pela doce, a linha do horizonte pela sombra das árvores e aceite o convite para seguir rumo a uma de oito praias fluviais onde o azul contrasta com o verde da natureza.

1. Praia Fluvial das Azenhas, Caminha

Praia Fluvial de Caminha
Praia Fluvial Caminha

Nas margens do rio Coura, em Vilar de Mouros (Caminha), a praia fluvial das Azenhas é a sugestão mais a norte. Rodeada de história, com bandeira azul e numa zona classificada como Rede Natura 2000, tem muito para desfrutar e explorar.

As azenhas, moinhos movidos a água que lhe dão o nome, enquadram a paisagem como uma pintura naturalista e a ponte romana de Vilar de Mouros que atravessa o rio, de construção medieval (estima-se que date de finais do século XIV e inícios do século XV), foi considerada Monumento Nacional em 1910.

A praia recebeu da Agência Portuguesa do Ambiente a designação de área balnear fluvial em 2016 e é descrita como uma “praia rural, envolta por paisagem natural, curso de água limpa e fresca, rodeada de paisagens de vegetação intensa”.

Quanto à componente natural, a vegetação que circunda esta praia fluvial e o concelho de Caminha é semelhante à que ocorre no Alto Minho: constituída predominantemente por pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e por algumas manchas de pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris) nas zonas mais elevadas das serras, assim como por eucalipto (Eucalyptus globulus) e zonas de bosques autóctones com carvalho-alvarinho (Quercus robur) e carvalho-negral (Quercus pyrenaica), algum sobreiro (Quercus suber), soutos, castinçais de castanheiro (Castanea sativa) e ainda azevinho (Ilex aquifolium).

Depois de um mergulho refrescante, vale a pena conhecer, a 20 minutos de carro, a Serra d’Arga. Esta área está, em 2022, em processo de classificação como área protegida de interesse regional. Os Estudos de Caracterização da Paisagem identificaram dez tipos de habitat de importância comunitária, bem como uma vasta riqueza de flora e fauna: 546 espécies de plantas vasculares, 32 delas raras ou ameaçadas de extinção, e mais de 180 espécies de vertebrados selvagens.

A área a jusante da praia está incluída na rede Natura 2000. A Zona de Proteção Especial do Estuário dos Rios Minho e Coura (PTZPE0001), uma das três áreas classificadas do concelho de Caminha, estende-se por uma área de cerca de 3400 hectares. Foi criada para conservar e proteger este estuário, sendo a vegetação ribeirinha habitat de uma avifauna rica. Além das aves residentes, é também local de passagem de aves migratórias, como sejam a águia-sapeira ou tartaranhão-ruivo-dos-pauis (Circus aeruginosus), o garçote (Ixobrychus minutus), a garça-vermelha (Ardea purpurea) ou o zarro-negrinha (Aythya fuligula).

Bandeira Azul. Infraestruturas de apoio: parque de merendas, espaços de convívio, parque de estacionamento. Acessos: através de estradas estreitas em pedra. Coordenadas: Latitude: 41° 53′ 20.88″ N (41.889133); Longitude: 8° 47′ 2.57″ W (-8.784047)

2. Praia fluvial do Alfusqueiro, Águeda

Praia Fluvial de Águeda
Praia Fluvial Águeda

Um meandro do rio Alfusqueiro, afluente do Águeda, esconde uma praia fluvial com vista para a Serra do Caramulo.

Perto de Águeda, encontre a praia fluvial do Alfusqueiro junto à ponte granítica, reconstruída no século XVIII, que liga Macieira de Alcôba a Valongo. A ponte é um miradouro improvável que oferece uma vista panorâmica sobre o parque fluvial, o vale do rio e a flora circundante. Visto de cima, é possível identificar as várias “línguas de terra” criadas naturalmente pelo rio nas suas margens e as suas águas correntes.

Depois de absorver a beleza do local, desça até à margem esquerda do rio. Ali, um socalco relvado com guarda-sóis de palha oferece abrigo nos dias mais quentes e acesso facilitado à água.

Ao longo do rio Alfusqueiro há outras praias fluviais a explorar, mas se procura outras atividades, são também opções a observação de aves, a canoagem ou o pedestrianismo.

Os adeptos de caminhadas têm por aqui muitas opções, já que o concelho de Águeda conta os mais variados trilhos pedestres e cicláveis. Ao todo são 13, a que juntam mais três trilhos LIFE, com percursos adaptados, que facilitam o acesso de pessoas com mobilidade reduzida à envolvente do rio Águeda.

Os três trilhos LIFE permitem quase 23 quilómetros de caminho, mas podem percorrer-se em circuitos distintos – alguns dos quais circulares e mais curtos – para descobrir a várzea do rio, com muitos dos habitats que as galerias de vegetação ribeirinha proporcionam. Das espécies florestais que envolvem as águas, salientam-se choupos (Populus spp.), amieiros (Alnus glutinosa), freixos (Fraxinus angustifolia) e salgueiros (Salix spp.).

Infraestruturas de apoio: bar, parque de merendas, instalações sanitárias, parque de estacionamento de cem lugares. Acessos: EM574, estrada em boas condições. Coordenadas: Latitude: 40°37’29.94″N / Longitude: 8°21’41.91″W

3. Praia fluvial de Loriga, Serra da Estrela, Guarda

Praia Fluvial Guarda
Praia Fluvial da Guarda

Uma das praias fluviais mais singulares deste roteiro, a praia fluvial de Loriga, na Serra da Estrela, nasceu num vale glaciar.

A vila de Loriga, no concelho de Seia, tem ocupação humana desde a pré-história. A sua beleza e importância foram reconhecidas pelos Romanos e o valor natural, que se mantém até aos dias de hoje, é singular por aí se encontrar a única praia fluvial portuguesa situada num vale glaciar, o que origina uma das mais belas praias deste roteiro – a praia fluvial de Loriga.

Esta praia, a 800 metros de altitude e de águas pouco profundas, localiza-se a sudoeste do Parque Natural da Serra da Estrela e faz parte do Vale Glaciar de Loriga. Constituída por piscinas naturalmente esculpidas, o seu aspeto deve-se ao gelo que, na época glaciar, chegava até àquela altitude.

A praia fluvial, em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, foi galardoada pelo Programa Bandeira Azul e classificada como praia com Qualidade de Ouro pela Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza.

Além das águas cristalinas, muito frescas, da Ribeira de Loriga, que nasce no planalto superior da Serra da Estrela, pode ainda conhecer a envolvência, já que a área convida a outras atividades, como a prática de desportos de natureza ou passeios pedestres. Existem trilhos de vários graus de dificuldade que vão levá-lo a conhecer, por exemplo, os socalcos agrícolas do Loriga, os covões e as levadas, os moinhos de água ou a barragem do Covão de Meio.

A diversidade de flora que aqui se encontra é explicada pela proximidade ao oceano Atlântico e também pelas influências climáticas mediterrânicas e continentais. Entre pastagens de altitude, turfeiras e carvalhais, com presença do carvalho-roble (Quercus robur), do carvalho-negral (Quercus pyrenaica), da azinheira (Quercus rotundifolia) e do pinheiro-bravo (Pinus pinaster), encontra vegetação rasteira, como a campânula (Campanula herminii), tão característica deste local, bem como a Saxifraga spathularis, adepta dos meios húmidos e sombrios, o zimbro (Juniperus communis), as urzes (Erica spp. e Calluna vulgaris), o rosmaninho (Lavandula stoechas) e as giestas (Cytisus spp. e Genista spp.).

Bandeira AzulInfraestruturas de apoio: parque de merendas, instalações sanitárias, nadadores-salvadores, atividades de aventura, parque de estacionamento para carros e bicicletas. Acessos: junto à estrada nacional N231. Coordenadas: Latitude: 40° 19′ 38.11″ N (40.327253); Longitude: 7° 40′ 42.48″ W (-7.678467)

4. Praia Fluvial de Foz d’Égua, Arganil

Praia Fluvial de Arganil
Praia Fluvial Arganil

Pontes e moinhos em xisto, enquadrados por blocos de pedra talhadas pelas correntes das ribeiras de Piodão e Chãs d’Égua num cenário fresco e verde: a praia fluvial de Foz d’Égua espera por si.

A um salto da aldeia de Piodão, ou a uma caminhada de três quilómetros, a idílica praia fluvial de Foz d’Égua vale bem a viagem. A água reflete os tons claros da rocha que a sustém, assim como os verdes da natureza que a rodeia, e fica enquadrada por antigas construções em xisto – dois moinhos, habitações tipicamente serranas (de xisto e lousa) erguidas em socalcos, e duas pontes. O conjunto dá ao lugar uma beleza pouco comum e vale-lhe um lugar incontestável neste roteiro.

Antes de correrem em direção ao rio Alvoco, as ribeiras de Piodão e Chãs d’Égua são freadas pelo açude, que forma a pequena piscina natural. Chãs d’Égua é, aliás, a aldeia limítrofe e de onde esta praia vai buscar o seu nome particular. Lá pode visitar uma das concentrações mais importantes de Arte Rupestre entre o Tejo e o Vale do Côa, num total de cerca de cem gravações em rocha. O Centro Interpretativo de Arte Rupestre de Chãs d’Égua é o local certo para descobrir as gravuras, que datam do final do Neolítico, Bronze Final e Primeira Idade do Ferro (século IX a.C).

Para melhor absorver a riqueza natural deste local, os trilhos pedestres são um convite irrecusável. O Circuito do Açor, por exemplo, de 89 quilómetros, tem como ponto de partida Arganil, passando por Piodão e Foz d’Égua, visitando obrigatoriamente a Mata da Margaraça, reserva biogenética da Serra do Açor.

A serra abrange uma área de 346 hectares e está classificada como Paisagem Protegida. Zona de floresta diversificada, ali ocorrem mais de 300 espécies de plantas, entre as quais carvalhos (Quercus spp.), castanheiros (Castanea sativa), pinheiros (Pinus spp.) e os mais extensos bosquetes de azereiro do mundo (Prunus lusitanica ssp. lusitanica).

Encontrará também o loureiro (Laurus nobilis) e o medronheiro (Arbutus unedo), o salgueiro-branco (Salix alba) e o choupo-branco (Populus alba), o amieiro (Alnus glutinosa) e o freixo (Fraxinus angustifolia), o azevinho (Ilex aquifolium) e as mais comuns urzes (Erica spp.) e giestas (Cytisus spp.). Destaque também para a população de verónicas, (Veronica micrantha), um raro endemismo ibérico, encontrado a Norte e Centro de Portugal e classificado como espécie Vulnerável na Lista Vermelha da IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza.

Infraestruturas de apoio: estacionamento em terra batida. Acessos: estrada CM1354, estreita e sinuosa. O acesso pedonal à praia fluvial é feito através de escadas de xisto irregulares. Coordenadas:
Latitude: 40°13’46.4″N / Longitude: 7°49’34.2″W

5. Praia fluvial de Poço Corga, Castanheira de Pera

Praia Fluvial de Castanheira de Pera
Praia Fluvial Castanheira de Pera

Com os pés na água doce da ribeira de Pera e os olhos postos na paisagem da Serra da Lousã: é assim na praia fluvial de Poço Corga, onde história e natureza se entrecruzam.

A água corre devagar, assim como o tempo, quando se está na praia fluvial de Poço Corga. Estenda a toalha sobre as lajes de granito que circundam a água, ou opte pela sombra dos carvalhos frondosos na zona do Parque de Merendas Carvalhal do Corga. O destino é ideal para famílias com crianças, já que disponibiliza uma zona de banhos para os mais pequenos.

Ali mesmo ao lado, não deixe também de conhecer o Núcleo Museológico O Lagar do Corga, onde se encontra a antiga estrutura de um lagar de azeite, movido a força hidráulica. Com cerca de 400 anos, prensava o azeite de toda a aldeia.

Aproveite para conhecer outros recantos da Serra da Lousã, Sítio de Importância Comunitária (SIC) que integra a Rede Natura 2000. A área de mais de 15 mil hectares abriga flora diversificada, de carvalhos, castanheiros, pinheiros e outras folhosas. Junto às linhas de água, ainda se encontram azereiros e azevinhos.

Praia vigiada. Infraestruturas de apoio: restaurante, instalações sanitárias, chuveiros, parque de merendas, parque de estacionamento, parque de campismo. Acessos: Variante à Nacional 236/N236. Acesso pedonal com rampa de acesso. Coordenadas: Latitude: 40°01’30.3″N / Longitude: 8°11’24.1″W

6. Praia Fluvial do Penedo Furado, Vila de Rei, Castelo Branco

Praia Fluvial de Castelo Branco

© Aldeias de Xisto

Praia Fluvial Castelo Branco

© Aldeias de Xisto

Uma ampla vista das serras, quedas de água e fósseis com milhões de anos. Se pensava que uma praia fluvial era apenas isso mesmo, conheça esta: a praia fluvial do Penedo Furado.

As águas cristalinas da praia fluvial do Penedo Furado são um pretexto para uma visita, mas será somente o primeiro da lista. A cascata que abastece a praia e o maciço rochoso que a envolve, associado à frescura da flora, fazem deste destino um convite para um dia próximo da natureza e da história.

Cenário natural recheado de caminhos estreitos e secretos, esta zona emana uma aura misteriosa que inspirou mitos e lendas que agora enriquecem a história da paisagem. São muitas as pequenas quedas de água e os miradouros com santuários e estatuetas que vai encontrar.

Desde o rochedo do Penedo Furado pode apreciar a ribeira do Codes que abastece a praia fluvial, a paisagem sobre as serras e montes e ainda avistar a albufeira de Castelo do Bode. Descendo deste miradouro, a caminho da praia fluvial, depare-se com a “Bicha Pintada”, um fóssil com mais de 480 milhões de anos, conservado num quartzito de 30 centímetros de espessura, que, pela forma serpentiforme, impressa pela deslocação de trilobites (classe extinta de artrópodes marinhos) em solo arenoso, inspirou muitas lendas populares da localidade.

Já na praia fluvial, aventure-se pelo passadiço e pelo trilho de cerca de 700 metros que termina nas cascatas que convidam a um mergulho refrescante.

Depois dos atrativos naturais, pode também viver várias aventuras, como slide, escalada, rappel e canoagem ou optar pelos trilhos pedestres: o Trilho das Bufareiras, por exemplo, que termina na praia fluvial, e passa por caminhos antigos, talhados na rocha.

Praia com vigilância. Infraestruturas de apoio: bar, balneários, parque de merendas, parque infantil, posto de primeiros socorros e parque de estacionamento. Acessos: EN2, a cerca de 10 minutos de Vila de Rei. Coordenadas: Latitude: 39º37’31.87” N / Longitude: 08º9’44.88” W

Praia Castelo Branco

Em Vila de Rei destaca-se, em termos de flora, o pinheiro-bravo e o eucalipto, mas também o sobreiro e o carvalho-roble. Encontram-se nos arredores várias espécies normalmente presentes nas imediações de cursos de água, como é o caso do amieiro, do freixo, dos salgueiros e do sabugueiro (Sambucus nigra). Específicas da região, são a aroeira (Pistacia lentiscus), a esteva (Cistus ladanifer), o estevão (Cistus populifolius), o folhado (Viburnum tinus), a gilbardeira (Ruscus aculeatus), o medronheiro, a murta (Myrtus communis), os rosmaninhos (Lavandula stoechas, Lavandula pedunculata e Lavandula latifolia), o sargaço (Cistus salviifolius), os tojos (Ulex spp.), as urzes (Erica spp. e Calluna vulgaris), o pilriteiro (Crataegus monogyna) e ainda uma espécie de orquídea (Orchis mascula).

7. Praia fluvial do Gameiro, Mora

Praia Fluvial de Mora
Praia Fluvial Mora

A ideia de um Alentejo quente e seco fica por terra ao conhecer este recanto refrescante, localizado na freguesia do Cabeção e em pleno Parque Ecológico do Gameiro.

Praia fluvial do Gameiro, praia fluvial do Cabeção ou açude do Gameiro são alguns dos nomes por que é conhecida esta praia fluvial, localizada no Parque Ecológico do Gameiro junto ao Fluviário de Mora. O espelho de água deve-se ao Açude do Gameiro, no Rio Raia, e o facto de estar integrado num Parque Ecológico, permite um vasto conjunto de atividades de natureza para várias idades, assim como para os mais ou menos aventureiros.

Apesar de ter algumas infraestruturas – bar, por exemplo – a zona da praia mantém a sua natureza pouco alterada, com a água a uma temperatura convidativa, pintalgada de verde e bordejada pelo denso arvoredo ribeirinho, bastante diferente daquele que, um pouco mais longe, caracteriza a paisagem do montado.

Além da praia e do Fluviário, o Parque Ecológico do Gameiro tem mais para oferecer e explorar, incluindo parque de campismo, centro de interpretação ambiental, parque de arborismo, clube náutico e passadiço de madeira (1,5 quilómetros) que, juntamente com um trilho de terra, permite passear junto à Ribeira do Raia e pela zona de montado. Junto à água, não faltam salgueiros e choupos, por exemplo, enquanto mais longe predominam sobreiros e alguns pinheiros. Neste percurso não falta um ponto de observação que oferece uma boa panorâmica sobre o parque e, com sorte, alguns avistamentos de chapins-reais (Parus major) e gaios (Garrulus glandarius), por exemplo, entre outras aves que habitam a região.

Praia sem vigilância. Infraestruturas de apoio: bar, WC, parque de merendas, parque infantil como chegar e parque de estacionamento. Acessos: N2, a cerca de 10 minutos de Mora. Coordenadas: 38.95535, -8.09756

8. Praia fluvial de Alte, Loulé

Praia Fluvial de Loulé
Praia Fluvial Loulé

Lugar onde a ribeira de Alte se une às águas que brotam da Fonte Grande todo o ano, é impossível não ficar surpreso perante a beleza circundante.

Alte é uma aldeia típica algarvia que esconde um passado rico, de que esta praia fluvial é um ótimo exemplo. A Fonte Grande foi outrora lugar onde lavadeiras cuidavam da roupa (ainda sobrevive um lavadouro público que o relembra), onde a força das águas movia nove moinhos, onde se vinha buscar água para a rega das hortas ou onde se curtia o esparto (Stipa tenacissima), planta poácea utilizada no artesanato para criar cestas, capachos ou esteiras – utilizações que podem ser conhecidas no Polo Museológico do Esparto, também localizado em Alte.

Cercada de plátanos e oliveiras, a piscina natural de 100 metros de comprimento tem ao seu redor inúmeros espaços para relaxar com vista para pequenas pontes de pedra em arco. Debaixo delas, as sombras são aproveitadas num parque de merendas com mesas e bancos de pedra.

Situada nas colinas da Serra do Caldeirão, esta praia fluvial fica no limite Norte do Sistema Aquífero Querença-Silves, o maior reservatório de água subterrâneo do Algarve. Este sistema desenvolve-se em dolomitos (rochas sedimentares) e calcários do Jurássico inferior e médio (entre 200 e 161 milhões de anos).

As alfarrobeiras, as laranjeiras e os medronheiros são algumas as espécies que se destacam na paisagem, assim como vegetação ribeirinha, como os freixiais, salgueirais e loendrais. Nas zonas rochosas, o zimbro é dominante.

Infraestruturas de apoio: bar, parque de merendas, área de churrasco, parque de estacionamento. Acessos: estradas estreitas e sinuosas, em bom estado de conservação. Coordenadas: Latitude: N37° 14′ 18.892488727536″ / Longitude: W8° 10′ 7.193967686472″

Note que algumas das praias fluviais portuguesas têm um único ponto de acesso, o que condiciona a movimentação de pessoas e veículos. Seja cauteloso e, antes de seguir viagem, consulte os alertas meteorológicos, evitando dias de risco.