A forma como é ocupado o solo tem impacte na disponibilidade de água doce e embora a dimensão deste impacte varie em função de inúmeras variáveis, algumas delas estão diretamente relacionadas com a ação humana. É este o caso do ordenamento do território, do planeamento urbanístico, da gestão florestal e da gestão dos próprios recursos hídricos.
Como aponta o artigo “Sustentabilidade ecológica na gestão de recursos hídricos”, é necessária uma visão que permita equilibrar a gestão dos recursos hídricos, considerando as suas diferentes funções de provisão, regulação, suporte, culturais e sociais, especialmente num contexto de pressões crescentes:
– A procura de água doce para consumo humano e para produção agrícola e industrial (exemplos de consumo indireto) tem vindo a aumentar, impulsionada pelo crescimento da população;
– A conversão de áreas naturais e seminaturais, incluindo florestais, em áreas agrícolas e urbanas continua;
– A perda e degradação de ecossistemas e de biodiversidade criam desequilíbrios que afetam os recursos hídricos;
– Os efeitos das alterações climáticas intensificam-se, com mais e mais gravosos fenómenos meteorológicos extremos, desde secas prolongadas a tempestades e chuvas torrenciais.
“A gestão sustentável dos recursos hídricos tornou-se um dos principais problemas ambientais do século XXI, não só à escala de cada sociedade, mas também global. A natureza transversal do recurso (…) torna-o essencial para praticamente todas as atividades humanas e particularmente importante para a saúde pública e para o desenvolvimento social. As alterações climáticas vêm trazer ainda maior acuidade aos problemas da água, acentuando os desequilíbrios já precários entre disponibilidades e necessidades em muitas regiões do mundo e modificando, de forma em alguns casos irreversível, os ecossistemas hídricos”, sublinhou Francisco Nunes Correia, nas conclusões do artigo “Gestão da Água e Governança – um desafio para o século XXI”.