A urgência de resposta aos desafios globais veio despertar a importância de criar uma agenda global de reconciliação entre a humanidade e o planeta. As soluções baseadas na natureza abraçam esta oportunidade e podem ser a chave para uma recuperação inteligente e criativa, restaurando as paisagens e os ecossistemas e garantindo o bem-estar das comunidades.
Vivemos um momento de grandes desafios globais. Da urgência da resposta às alterações climáticas e ao declínio da biodiversidade, à premência de combater a pobreza e assegurar maior equidade no acesso aos bens essenciais, é na natureza que podemos encontrar a inspiração para soluções globais.
As soluções baseadas na natureza (NbS, sigla do inglês Nature-Based Solutions) vão ao encontro desta necessidade, impactando simultaneamente as alterações climáticas, a biodiversidade e o bem-estar das comunidades locais.
Mas o que são afinal as soluções baseadas na natureza? Este conceito, relativamente novo, foi definido pela União Internacional para a Conservação da Natureza como o conjunto de ações que “procuram dar resposta a desafios societais através de proteção, gestão sustentável e restauro dos ecossistemas, beneficiando quer a biodiversidade quer o bem-estar humano”.
Se é na natureza que encontramos abrigo, alimento, oxigénio e muitos outros recursos essenciais à nossa vida, é nela que podemos encontrar também uma gama de soluções que trabalham e potenciam o meio natural. Estas soluções baseadas na natureza passam por fomentar a disponibilidade de água limpa e ar puro, mas também pela mitigação e adaptação às alterações climáticas, através de processos que potenciam o sequestro de carbono, a redução das emissões de gases com efeito de estufa, a mitigação dos riscos de cheia e a melhoria dos ambientes urbanos. São soluções criadas na base de uma ampla cooperação entre a ciência e a sociedade.
A pandemia colocou uma maior pressão na abordagem a estes desafios, evidenciando que não é viável continuar a trajetória de delapidação dos recursos naturais do nosso planeta. A floresta é um dos ecossistemas mais afetados. Nos últimos anos, por exemplo, as frentes de desflorestação multiplicaram-se e, entre 2004 e 2017, 43 milhões de hectares desapareceram em 24 regiões do mundo, segundo a associação WWF.