O preço da cortiça é determinante para a sustentabilidade económica do montado de sobro. Por sua vez, a gestão contínua deste sistema agroflorestal, apoiada por profissionais qualificados, é crítica para a sustentabilidade ambiental e social deste ecossistema e do meio rural onde se integra.
Mas nem toda a cortiça tem o mesmo valor: ele varia em função do destino que irá ser dado a este bioproduto agroflorestal, sendo atribuído um preço mais elevado às cortiças cuja qualidade e calibre permitem a produção do mais valorizado produto final – as rolhas de cortiça natural – e minimizem o desperdício de matéria-prima no decorrer do processo industrial.
O preço da cortiça é, assim, determinado pela conjugação de duas características centrais da casca do sobreiro (Quercus suber): calibre e qualidade. Ambas determinam também qual a cortiça que é viável (ou não) para a produção de rolhas naturais.
A chamada “cortiça rolhável” é a que tem entre 25 e 39 milímetros de espessura, ou seja, a que nem é muito delgada nem excessivamente grossa para produzir rolhas com o mínimo desperdício, e que, em simultâneo, tem uma “boa massa”, isto é, baixa porosidade e ausência de defeitos, explica Joana Amaral Paulo, professora e investigadora do CEF – Centro de Estudos Florestais, no Instituto Superior de Agronomia.