Lagoas e zonas alagadas, como pauis, são exemplos de ecossistemas de elevado valor, não apenas pela beleza que trazem à paisagem, mas pelos múltiplos papéis ecológicos que desempenham: desde purificação da água e contenção das cheias, até à retenção de carbono, passando pela diversidade da fauna e flora que acolhem.
Com presença de água de forma temporária ou permanente, estas zonas húmidas (naturais ou moldadas pela ação humana) apoiam a disponibilidade de água doce, são aliadas na luta contra as alterações climáticas e importantes habitats para a biodiversidade:
- Água doce – recebem as águas provenientes das chuvas, de reservas subterrâneas, rios ou ribeiras e devolvem-na a estas estruturas, promovendo a (re)circulação que alimenta o ciclo hidrológico. A água que recebem move-se lentamente e está em contacto com vegetação diversificada, promovendo processos naturais, físicos, químicos e biológicos de purificação, que ajudam a remover a contaminação por nutrientes, poluentes e sedimentos em suspensão. No outono e inverno, a acumulação de água da chuva nestas lagoas e zonas alagadas previne inundações nas zonas adjacentes e ajuda a criar reservas para as estações secas.
- Alterações climáticas – de uma forma geral, as zonas húmidas têm uma elevada capacidade de retenção de carbono: podem armazenar 50 vezes mais carbono do que as florestas tropicais, refere a WWF, explicando que folhas, resíduos animais e outros elementos ricos em carbono são afundados e enterrados nestas terras húmidas, mantendo retidos os gases com efeitos de estufa que, de outro modo, se libertariam para a atmosfera. O seu papel na mitigação das alterações climáticas reforça-se pelo rápido crescimento da vegetação nestas áreas alagadas, o que aumenta a respetiva capacidade de absorção de carbono da atmosfera.Em paralelo, ao reterem e absorverem a água de chuvas intensas ou torrenciais – fenómenos climáticos extremos que se tornam mais comuns – atuam como esponjas que ajudam a prevenir e controlar inundações e a travar a progressão da erosão que com elas se intensifica. Também aqui, a existência de vegetação ajuda a abrandar a velocidade da corrente.
- Biodiversidade – as zonas húmidas já foram referidas como “supersistemas biológicos”, pois constituem habitats para uma grande diversidade de animais e plantas, incluindo muitas espécies ameaçadas ou em perigo de extinção, e armazenam ou transportam nutrientes que sustentam as suas cadeias alimentares. Além de promoverem a manutenção desta biodiversidade, muitas destas lagoas e zonas alagadas funcionam como refúgio para a nidificação e “berçário” de muitas espécies. A sua preservação é especialmente importante para várias espécies de peixes e de aves marinhas.