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Árvores Monumentais

Alfarrobeira da Quinta da Parra: a gigante secular

Destacada no meio de um pomar de citrinos, a alfarrobeira da Quinta da Parra conta com mais de 600 anos e tem estatuto de “Árvore de Interesse Público”.

Mais alta e frondosa do que todas as que a rodeiam, a Ceratonia siliqua L. da Quinta da Parra é uma das mais antigas da sua espécie em Portugal e destaca-se das suas companheiras, tanto das velhas alfarrobeiras como das jovens laranjeiras, pela espessura do seu tronco, pelo diâmetro da sua copa e pelos muitos quilogramas de alfarrobas com que continua a brindar José Martins Dias, o proprietário desta velha alfarrobeira da Quinta da Parra, em Moncarapacho – Olhão.

Com mais de 600 anos de idade, é uma “Árvore de Interesse Público”, estatuto que lhe foi conferido pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (Ref.ª KNJ1/392), pelo valor histórico e paisagístico deste “extraordinário exemplar de alfarrobeira secular, com um fuste de grande dimensão…”.

A árvore situa-se no centro de um pomar de citrinos e segundo conta Susana Neves no seu livro “Histórias que Fugiram das Árvores”, em tempos, José Martins Dias foi aconselhado a abater as suas alfarrobeiras e a substituí-las por laranjeiras. Em boa hora decidiu que nada justificava cortar estas árvores centenárias, que passaram então a conviver com as jovens laranjeiras.

No entanto, nenhuma delas se compara a este gigante secular, com o seu tronco de mais de 13 metros de perímetro à altura do peito e a sua copa com mais de 17 metros de diâmetro.

Alfarrobeira da Quinta da Parra

© ICNF (imagem acima e no topo do artigo)

Como diz Susana Neves, “são precisas nove pessoas para a abraçar” e projeta cerca de 250 metros quadrados de sombra.

Sentados nesta sua sombra, podemos admirar de perto o imenso tronco, com cavidades internas que lembram pequenas casas ou grutas, numa imagem que nos transporta para memórias de infância retiradas das aventuras de “Huckleberry Finn” ou da toca do coelho de “Alice no Pais das Maravilhas”.

Uma visita de final de verão ou outono

As alfarrobeiras mantêm-se frondosas todo o ano, mesmo no inverno, porque são árvores de folha persistente, mas quem preferir vê-las em flor deve escolher o outono, por ser a época em que a floração atinge o seu auge e os polinizadores trabalham mais intensamente, indica o CNCFS – Centro Nacional de Competências  dos Frutos Secos.

O número de flores que cada árvore apresenta num dado ano está diretamente relacionado à produção de alfarrobas esperada para o ano seguinte, refere a mesma fonte. Já as alfarrobas são apanhadas a partir de meados do verão, em finais agosto e setembro, antes das primeiras chuvas.