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Espécies Florestais

Quais as espécies que estão na origem do mel português?

Para produzir um quilo de mel, as abelhas “visitam” cerca de cinco milhões de flores. Consoante a época do ano e a região, diferentes espécies são visitadas. Conheça as que estão na origem do mel português e quais são os méis com Denominação de Origem Protegida - DOP.

Portugal tem grande diversidade e riqueza de espécies de plantas melíferas. São elas que estão na origem do mel português e proporcionam a enorme variedade de méis que temos por todo o país.

Arbustos, árvores de fruto e espécies florestais fazem parte da “ementa” das abelhas, como por exemplo o rosmaninho (Lavandula stoechas), a urze (Erica umbellata), o castanheiro (Castanea sativa), o alecrim (Rosmarinus officinalis), o medronheiro (Arbutus unedo), a soagem (Echium plantagineum), o poejo (Mentha pulegium), a laranjeira (Citrus sinensis), o eucalipto (Eucalyptus spp) e o girassol (Helianthu sannuus).

Estas espécies dão origem a méis monoflorais – como o de Rosmaninho, Urze ou Castanheiro – ou multiflorais, de acordo com a tipificação da origem do mel português por tipo floral, feita pelo Programa Apícola Nacional 2017-2019, que identifica também as espécies mais relevantes em cada região do continente.

Além de serem fontes de pólen e de néctar, estas espécies são também fontes de melada, uma substância excretada por alguns insetos que se alimentam da seiva das plantas e que as abelhas recolhem e guardam por conter uma riqueza pouco comum em açúcar – quase 90%. Estas três matérias-primas naturais permitem obter mel de diferentes origens botânicas.

Uma colónia recolhe cerca de 25 kg de pólen e 200 kg de néctar por ano. O processamento desta quantidade de néctar dá origem a cerca de 70 kg de mel, revela o Guia Prático da Biologia da Abelha.

Uma abelha vive em média 4-5 meses e produz durante toda a vida menos de uma colher de chá de mel. Para obter meio kg de mel são precisas mais de 500 abelhas.

Região e época do ano impactam a origem do mel

Consoante a região – altitude, relevo clima, etc. – existem diferentes plantas melíferas e, em função da época do ano, novas espécies começam a florir. Assim, em cada local e em cada período do ano, há variações nas espécies que estão na origem do mel.

No litoral norte, por exemplo, as abelhas têm dois períodos de maior atividade: em março-abril e em junho, revela o “Calendário de meladas no litoral norte de Portugal”. No primeiro período visitam principalmente as flores do eucalipto, das urzes e das árvores de fruto, enquanto no segundo aproveitam a floração de novas e importantes melíferas, como o castanheiro e as silvas (Rubus spp.), assim como das urzes.

Nas zonas baixas – até 400 metros acima do nível do mar –, o rosmaninho é uma das espécies mais relevantes, enquanto o castanheiro predomina em zonas altas, de montanha, entre os 700 e os 1200 metros. Por ser mais plantado no litoral, o eucalipto é mais importante para a produção de mel na faixa costeira do Alentejo, centro e norte. Já o girassol é particularmente importante no Alentejo e a laranjeira no Algarve.

Embora a atividade apícola seja muitas vezes complementar à agricultura, os ecossistemas florestais, sendo tendencialmente espaços isentos de pesticidas, permitem às colónias reproduzir-se sem esta ameaça, lembra uma tese recente da Universidade de Lisboa, contribuindo para produtos de colmeia de maior valor biológico.

Mapa das espécies de flora melífera em Portugal Continental

(clique na imagem para aumentar)

mapa floresta

Em cada região, muitas outras espécies contribuem, desde o cardo (Carlina racemosa) ao Poejo (Mentha pulegium), assim como da azinheira (Quercus rotundifólia) ao carvalho (Quercus pyrenaica). Estas duas últimas espécies estão, aliás, na origem do mel de melada.

É destas variações que resultam os diferentes tipos de mel: os multiflorais, obtidos a partir de várias espécies e em que nenhuma se destaca, e os monoflorais nos quais predomina a colheita e as características de uma determinada espécie. Estas diferenças são reveladas na cor, sabor e propriedades nutricionais dos diferentes méis.

Ao sabor das espécies de cada região

Face às características e origem do mel de cada região, Portugal definiu nove Denominações de Origem Protegida (DOP): Mel do Parque de Montesinho DOP, da Serra da Lousã DOP, de Barroso DOP, Açores DOP, da Terra Quente DOP (Nordeste de Portugal), das Terras Altas do Minho DOP, do Ribatejo Norte DOP, do Alentejo DOP e da Serra de Monchique DOP.

A designação DOP identifica isto mesmo: um produto característico de uma dada região, cuja qualidade ou características se devem essencial ou exclusivamente ao meio geográfico específico, explica a Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural.

Como exemplo e segundo a mesma fonte, o Mel Multiflora dos Açores DOP resulta do néctar das flores silvestre e das florações das árvores crescem no arquipélago. Mistura néctares de espécies mediterrânicas, atlânticas e subtropicais desde o alecrim ao abacaxi, goiaba e bananeira, passando pelo castanheiro e eucalipto. O seu tom é castanho-escuro e o seu sabor agradável.

Já a outra variedade dos Açores, o Mel de Incenso, “tem uma cor amarela muito clara, quase incolor e é muito doce, com paladar típico, baseado nos óleos essenciais do incenso”. A origem do Mel de Incenso está no néctar da árvore com o mesmo nome (Pittosporum undulatum Vent), considerada uma espécie invasora no território açoriano.