Exatamente pela valorização dos seus frutos, esta é uma espécie cultivada há milénios. A primeira evidência escrita sobre a cultura do castanheiro encontra-se no livro “Historia plantarum”, de Teofrasto, do século III a.C., e foram os Romanos que introduziram na Europa o seu cultivo sistemático. A distribuição atual deste castanheiro depende, assim, de milénios de atividade humana.
Em Portugal, a principal razão para o seu cultivo é também a produção de castanha. Historicamente, o fruto do castanheiro foi estrutural na alimentação dos portugueses, em particular no norte do território e ainda hoje a produção nacional está concentrada em Trás-os-Montes. Esta região era responsável por mais de 85% da castanha portuguesa, com cerca de 29 mil hectares de castanheiros, em 2009, data a que remontam os indicadores do último recenseamento agrícola nacional. Este mesmo recenseamento indicava que o total ocupado por castanheiros rondava os 34 mil hectares.
Os números avançados pelo 6º Inventário Florestal Nacional, publicado em 2019 pelo ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, indicam uma área de ocupação significativamente maior e em crescimento: 48,3 mil hectares em 2015 face a 32,7 mil hectares 20 anos antes.
Ainda assim, esta área está muito aquém dos cerca de 100 mil hectares de castanheiros que existiam no final do século XVII e até mesmo dos cerca de 84 mil hectares no início do século XIX. Este declínio deveu-se a alterações demográficas e sociais, decorrentes do êxodo rural e da substituição da cultura da castanha por batata, milho e pinhal, mas também a novas doenças que provocaram a morte de muitos castanheiros.
A saúde do castanheiro é também apontada como causa para uma produtividade bastante baixa de castanha no nosso país, travando uma dinamização socioeconómica que, mesmo assim, se mantém como um pilar nas regiões montanhosas de Portugal. Neste contexto, a doença da tinta do castanheiro surge como a maior ameaça à produtividade dos soutos em Portugal e no espaço europeu.