Dado que as plantas usam carbono para crescer, parece ser intuitivo que o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera promoverá a sua produtividade e capacidade de sequestro de carbono.
Aprofundar o potencial das plantas para manter ou aumentar o sequestro de carbono até ao final do século, data na qual se prevê existir o dobro da concentração atual de CO2 na atmosfera, foi objeto de um estudo recente, liderado por investigadores da Universidade de Stanford e da Universidade Autónoma de Barcelona.
Sob o nome Nitrogen and Phosphorus constrain the C02 fertilization of global plant biomass, o estudo foi publicado a 12 de agosto de 2019, na revista Nature Climate Change. A equipa analisou dados de 138 experiências realizadas em ambientes enriquecidos com CO2 e em diferentes tipo de solo e cobertos vegetais, como prados, matos, culturas e florestas (tropicais, temperadas e boreais), que levaram às seguintes evidências:
- existe um efeito fertilizante do CO2 ao nível da fotossíntese nas folhas, o que confirma o aumento da capacidade das plantas para fixarem carbono;
- o aumento do sequestro de carbono, ao nível do ecossistema, está condicionado pelas limitações de azoto, fósforo e/ou água no solo, necessários ao crescimento das plantas;
- esta limitação pode ser alterada pelo estabelecimento de simbioses entre as plantas e os fungos e micróbios existentes no solo, ou seja, pelas chamadas associações micorrízicas. As micorrizas ajudam as plantas a obter o azoto e fósforo necessários ao crescimento adicional promovido pela “fertilização” do CO2;
- a capacidade de sequestro de carbono das plantas depende ainda do tipo de coberto vegetal e geografia (clima).