Este exemplar poderá ter servido de base às primeiras descrições científicas desta espécie, no século XVIII. Ainda antes da fundação do Jardim, em 1765, Lineu escreveu a Domingos Vandelli, solicitando-lhe o envio de flores do dragoeiro do Horto Régio e, pouco depois de as receber, voltou a escrever-lhe, expressando a sua admiração pelas flores que nunca tinha obtido antes. Em 1767, em nova carta, Lineu conta a Vandelli que “No tomo primeiro do Systema tenho 6500 animais. No segundo, juntei cerca de 50 géneros de plantas que antes não tinha, entre os quais a memorável Dracaena Vandellii”. Foi este, na altura, o nome que Lineu deu à espécie, em reconhecimento a Vandelli e foi como “dragoeiro de Vandelli” que o exemplar do Jardim Botânico se tornou conhecido.
Ao longo dos anos, este dragoeiro ampliou-se e tornou-se num dos maiores em Portugal, com uma copa que chegou aos 23 metros de diâmetro. Infelizmente, em 2006, o enorme dragoeiro do Jardim Botânico da Ajuda adoeceu. Uma podridão castanha apoderou-se de parte dos seus ramos (depois também das suas rosetas) e, apesar dos esforços para salvar este “dragão” monumental, em 2019, quando concorreu a “Árvore Portuguesa do Ano” (na foto de topo, da autoria de Mariana Castro) tinha apenas metade da sua estrutura.
É assim que se mantém em 2024, frágil e apoiado por uma torre de aço criada para o efeito, mas ainda assim grandioso. A boa notícia é que, ao longo do tempo, muitas das suas rosetas foram plantadas em viveiro e conseguiram desenvolver-se, dando origem a novos dragoeiros.
Sejam seus descentes ou não, muitos outros exemplares da espécie Dracaena draco podem ser vistos na Grande Lisboa, em inúmeros jardins públicos no centro da capital – do Jardim da Estrela à Tapada das Necessidades (onde além de dragoeiros adultos, há uma espécie de berçário, com plantas jovens), passando pela Tapada da Ajuda e por muitos outros espaços verdes das redondezas da cidade, como é o caso do Parque Palmela (Cascais).
Na Tapada da Ajuda há, aliás, um conjunto classificado como arvoredo de “Interesse Público” (Processo KNJ3/077). É composto por quatro dragoeiros que emolduram a fachada principal do Observatório Astronómico de Lisboa. A estes quatro, juntam-se vários outros dragoeiros-de-cabo-verde espalhados pelo Parque Botânico desta Tapada.