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Áreas Protegidas

Parques Naturais para descobrir em Portugal continental

Os Parques Naturais são áreas onde predominam ecossistemas naturais e seminaturais, nos quais a atividade humana de preservação e proteção pode fazer a diferença. Descubra os Parques Naturais em Portugal continental que, no seu conjunto, representam mais de metade da Rede Nacional de Áreas Protegidas.

Os Parques Naturais são uma das seis tipologias de proteção que integram a Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP) em Portugal Continental, a par dos Parques Nacionais, Reservas Naturais, Paisagens Protegidas, Monumentos Naturais e Áreas Protegidas Privadas.

A RNAP abrange mais de 845 mil hectares de território, em 2025, e a maioria da sua extensão corresponde a zonas que se encontram classificadas como Parques Naturais. Podem ter âmbito nacional ou regional, desenvolver-se em áreas terrestres, em áreas aquáticas interiores e em zonas marinas.

Os primeiros Parques Naturais foram classificados na década de 70, no século XX, e existem 15 Parques: 13 de âmbito nacional, um de âmbito regional e um Parque Marinho. No total, conferem proteção a uma área que ronda os 580 mil hectares.

15 Parques Naturais em Portugal continental

Fonte:  Portal SIG ICNF (dados em fev. 2025)

Os Parques Naturais são áreas que contêm predominantemente ecossistemas naturais ou seminaturais e onde a preservação da biodiversidade a longo prazo possa depender de atividade humana, de modo a assegurar um fluxo sustentável de produtos e de serviços naturais, indica o Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade. O objetivo da classificação é, assim, a proteção dos valores naturais existentes, feita de um modo que possa contribuir para o desenvolvimento sustentável da região e do país.

Saiba mais sobre a Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), as zonas que integra e as tipologias de proteção para além dos Parques Naturais.

Siga viagem pelos 15 Parques Naturais de Portugal continental, descobrindo como se caracteriza a sua paisagem e quais são os seus principais valores naturais.

5 Parques Naturais a Norte

A Região Norte conta com cinco Parques Naturais, um deles de âmbito regional, que abrangem mais de 175 mil hectares. Com exceção de um, localizado na costa atlântica, entre dunas e estuários, todos os outros abrangem paisagens de montanha, com elevações mais suaves ou declivosas e vastas zonas florestadas. Vamos descobri-los:

Parque Natural de Montesinho (PNM), em Terras de Trás-os-Montes

Em plena Terra Fria Transmontana, abrangendo os concelhos de Bragança e Vinhais, o Parque Natural de Montesinho estende-se por 74,2 mil hectares, caracterizados por relevos suaves, com sucessivas elevações (até aos 1486 metros de altitude) entrecortadas por vales encaixados e planaltos ondulados.

Esta paisagem acolhe vastos carvalhais – onde predomina o carvalho-negral (Quercus pyrenaica) – e extensas áreas de castanheiros (Castanea sativa), espécie escolhida para símbolo do Parque e que pode ser vista em boa parte dos terrenos plantados. Refiram-se ainda os bosques de azinheira (Quercus rotundifolia), os matos de giestas, urzes e estevas, assim como prados naturais húmidos (lameiros), na maioria associados a zonas ribeirinhas, alimentadas pelos inúmeros cursos de água que atravessam o Parque – rios Sabor, Maçãs, Baceiro, Mente, Rabaçal e Tuela.

Na fauna estão identificadas cerca de 250 espécies de vertebrados, incluindo o emblemático lobo-ibérico (Canis lupus signatus). Merecem referência também várias espécies de borboletas, algumas raras ou exclusivas do Nordeste Transmontano como a Brenthis daphne e a Boloria dia.

Refira-se que é um dos mais antigos Parques Naturais portugueses: a sua classificação data de 1979.

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Parque Natural do Alvão (PNA), no Ave

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O Parque Natural do Alvão ocupa uma área de cerca de 7,2 mil hectares de zona granítica com inúmeros afloramentos rochosos, que culmina no Alto das Caravelas – o topo de uma imponente escarpa.

Situado nos concelhos de Vila Real e Mondim de Basto, o Parque tem entre os ex-libris a cascata das Fisgas do Ermelo, provocada por um desnível acentuado que precipita as águas do rio Olo por várias quedas de água ao longo de mais de 250 metros, criando pequenas lagoas pelo caminho.

Esta zona é rica em lameiros (prados húmidos ou alagados), matos, carvalhais, bosques mistos de folhosas e algumas plantas raras, como a espécie carnívora orvalhinha (Drosera rotundifolia). Na fauna estão identificadas cerca de 200 espécies, algumas delas com populações decrescentes e em risco, como a gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax).

Descubra mais aqui sobre o Alvão, a sua paisagem e pontos de interesse.

Parque Natural do Litoral Norte (PNLN), no Cávado

Este parque, com 8,7 mil hectares, estende-se ao longo de 16 quilómetros pelo litoral do concelho de Esposende, desde o estuário do rio Neiva até à zona da Apúlia, abrangendo sobretudo áreas marinhas e estuarinas (75%).

A água é um elemento central neste Parque e, para além de inúmeras ribeiras, é atravessado por dois cursos de água principais que desaguam no oceano: o rio Cávado (com um estuário maior) e o já referido Neiva. Estes estuários enquadram um extenso cordão de dunas, várzeas húmidas e férteis, manchas de pinhal (algumas a fixar as areias, formando florestas dunares), pequenos bosques de folhosas (alguns a bordear cursos de água, com espécies típicas das margens), charcos e um caniçal.

Este conjunto diverso de mosaicos contribui para uma paisagem diversa, relevante para as aves, algumas apenas de passagem, como a garça-vermelha ou imperial, outras invernantes, como o borrelho-de-coleira-interrompida, que é o símbolo deste Parque, e outras residentes, como a águia-sapeira, uma espécie protegida que vive na vegetação rasteira das zonas alagadas e nidifica neste Parque.

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Entre os ex-libris do PNLN salienta-se o mais extenso cordão de dunas atlânticas do norte de Portugal, assim como os tradicionais moinhos de vento que o coroam. Estas dunas marítimas juntamente com as dunas interiores integram um dos três tipos de habitats que se destacam neste Parque, a par dos habitats costeiros (onde não faltam prados salgados e sapais) e dos de floresta.

Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), em Alto Trás-os-Montes e Douro

Com 86,8 mil hectares que acompanham o troço fronteiriço do rio Douro (e seus afluentes, incluindo o rio Águeda), o Parque Natural do Douro Internacional, fundado em 1998, abrange parte dos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Figueira de Castelo Rodrigo (este último já na Região Centro).

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As margens escarpadas deste vale profundo, esculpido pela força das águas, formam desfiladeiros monumentais que, além de grande beleza cénica, são importantes para a conservação da avifauna. As suas saliências e cavidades rochosas servem de abrigo e local de nidificação para várias aves em perigo de extinção, como o abutre-do-Egito, uma pequena rapina de plumagem branca e preta que é símbolo deste Parque.

Nas zonas de planalto, a vegetação é dominada pela azinheira e podem encontrar-se também bosques de zimbro (Juniperus oxycedrus) e de sobreiro (Quercus suber) e manchas de carvalho-negral (Quercus pyrenaica).

Perto de vários afluentes que desaguam no Douro, mais a norte, não faltam espécies ribeirinhas (ripícolas), incluindo salgueiros (Salix spp.), amieiros (Alnus spp.) e choupos autóctones (Populus nigra var. betulifolia), assim como áreas de lameiros.

Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNRVT), em Alto Trás-os-Montes e Douro

Situado no Baixo Tua – região a que chamam Terra Quente, o único Parque Natural de âmbito regional em Portugal foi criado em 2013 e prolonga-se por perto de 24,8 mil hectares, pelos concelhos de Alijó, Murça, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães e Mirandela.

Serras, planaltos, encostas abruptas, cristas escarpadas e vales encaixados, com água abundante, conformam a paisagem do Parque Natural do Vale do Tua que, além do Rio Tua, inclui também o seu afluente Tinhela.

A diversidade geográfica e climática traduz-se numa elevada diversidade de vida, com áreas diferenciadas de flora e fauna que constituem hotpots de biodiversidade – transformadas em micro-reservas.

Não faltam bosques húmidos de lódão (Celtis australis) e zelha (Acer monspessulanum), encostas mais secas onde cresce zimbro e azinheira, terrenos declivosos cobertos por florestas de pinheiro e castanheiro, margens inclinadas onde os sobreiros se estendem até às águas, margens verdes enquadradas por amieiros, freixos (Fraxinus angustifolia), choupos (Populus spp.) e salgueiros, assim como afloramentos rochosos e escarpas onde vivem comunidade únicas de musgos e líquenes.

Cada um destes biótipos acolhe diferentes comunidades animais. Só nas aves foram já identificadas mais de 160 espécies, com residentes que incluem desde a majestosa águia-de-Bonelli aos coloridos chapim-azul e pica-pau-malhado.

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5 Parques Naturais no centro de Portugal: da Estrela a Setúbal

Na zona central de Portugal continental temos mais cinco Parques Naturais, acompanhando segmentos de cursos de águas, como no Tejo internacional, ou serras altas, como a Serra da Estrela e as de Aire e Candeeiros. Em alguns casos, como em Sintra-Cascais e Arrábida, a área de proteção engloba serra e zona costeira.

Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), na Beira Interior Norte, Cova da Beira e Estrela

O PNSE é um dos Parques Naturais pioneiros em Portugal, criado em 1976, e tem uma área próxima dos 90 mil hectares (em 2025), que abrangem grande parte do maciço da principal montanha de Portugal continental, prolongando-se por seis concelhos: Celorico da Beira, Covilhã, Gouveia, Guarda, Manteigas e Seia.

Com uma paisagem muito diversa, que varia entre o planalto central, os picos e as suas cristas em grande elevação, os planaltos de menor altitude, as encostas e os vales profundos percorridos por linhas de água, o Parque alberga um mosaico de habitats que justifica a sua importância para a conservação da paisagem e das suas flora e fauna.

Grandes depósitos sedimentares que testemunham a era glaciar, lagoas, cascatas e pastagens de altitude, turfeiras, matos, carvalhais e castinçais são algumas das variações desta paisagem que dá guarida a muitas formas de vida, incluindo espécies e formações endémicas que não se encontram em nenhum outro local, como é caso da lagartixa-de-montanha, um endemismo ibérico confinado à Cordilheira Cantábrica, Galiza e Serra da Estrela, ou da planta aquática espadana-da-estrelauma relíquia glaciar que em Portugal se encontra “Criticamente em Perigo” e só existe em algumas lagoas elevadas da Serra da Estrela.

Descubra alguns dos marcos da paisagem a não perder na Serra da Estrela.

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Parque Natural do Tejo Internacional (PNTI), na Beira Interior Sul

Com 26,5 mil hectares que abrangem os municípios de Castelo Branco, Idanha-a-Nova e Vila Velha de Rodão, este foi um dos Parques Naturais classificados já na viragem do século, em agosto de 2000.

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O PNTI segue o troço fronteiriço do vale do Tejo, assim como dos vales dos rios Ponsul e Erges e da Ribeira do Aravil (e seus afluentes), rodeados por encostas acentuadas, cobertas por matagal mediterrânico onde são comuns os afloramentos rochosos. Junto às linhas de água encontram-se tamujais (Flueggea tinctoria) e, com menos frequência, amiais. Para lá dos vales, avistam-se vastas zonas de planalto, com um mosaico diversificado de matos, montado de sobro e principalmente de azinho, zambujais (Olea europaea var. sylvestris) e medronhais (Arbutus unedo), eucaliptais (Eucalyptus globulus), zonas agrícolas (olival, cerealicultura de sequeiro) e pastagens.

A fauna é o valor mais relevante para o Parque em termos de conservação, em particular pelas aves que nidificam nas encostas escarpadas e nos vales ao longo dos cursos de água, como a cegonha-preta, a águia-real, o abutre-do-Egito ou o bufo-real. Também relevantes são as aves que vivem no bosque mediterrânico, como o abutre-preto ou a águia-imperial-ibérica, e nas zonas planas – na estepe –, sendo este o único local onde se encontra em Portugal a espécie estepária cortiçol-de-barriga-branca.

Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), no Oeste, Médio Tejo, Lezíria do Tejo, Pinhal Litoral e Pinhal Interior Sul

Os 38,4 mil hectares do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros abrangem parte significativa do Maciço Calcário Estremenho. Estas serras integram as mais importantes formações calcárias portuguesas e essa foi a razão que levou inicialmente à sua classificação, em 1979. Em 2025, o PNSAC estende-se pelos concelhos de Alcanena, Alcobaça, Ourém, Porto de Mós, Rio Maior, Santarém e Torres Novas.

Por entre as formações rochosas do PNSAC, a água é abundante, mas corre sobretudo escondida, numa rede subterrânea que cruza esta paisagem de escarpas, falhas e grutas (Mira de Aire, Alvados, Santo António, entre outras grutas, são, aliás, um dos maiores apelos turísticos da região).

Esta paisagem dá guarida a alguma fauna bastante específica, como as aves que habitam nas grutas – a gralha-de-bico-vermelho, por exemplo – e os morcegos. O morcego, que é o símbolo do Parque, tem já 18 espécies identificadas, desde o morcego-de-ferradura-grande ao morcego-de-peluche.

Nas serras e para além delas, nas zonas mais planas, salientam-se várias centenas de plantas, com ampla presença de carrasco (Quercus coccifera), sobreiro e azinheira, pinheiro-bravo (Pinus pinaster), alecrim (Rosmarinus officinalis), gilbardeira (Ruscus aculeatus) e medronheiro.

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Um aspeto a não perder no PNSAC são as pegadas de dinossáurios saurópode, cravadas na rocha no período Jurássico Médio (175 milhões de anos). Estão classificadas como Monumento Natural.

Parque Natural de Sintra-Cascais (PNSC), na Grande Lisboa

Com mais de 200 espécies de vertebrados e de mil plantas identificadas, os 14,5 mil hectares deste Parque estendem-se pelos concelhos de Sintra e Cascais, abrangendo a Serra de Sintra, o planalto litoral que a rodeia e uma extensa faixa litoral de dunas, falésias e praias. Esta heterogeneidade permite ao PNSC uma grande variedade de habitats e espécies que importa proteger, em particular num território onde a intervenção (e pressão) humana é antiga e intensa.

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Foi aliás pela mão humana que a Serra de Sintra se revestiu da vegetação que hoje a caracteriza. Sob inspiração do Romantismo, no século XIX, matos e campos agrícolas foram transformados em palacetes rodeados por exuberantes bosques e jardins, plantados com espécies vindas de todo o mundo. Várias destas plantas exóticas naturalizaram-se e convivem hoje com relíquias da floresta antiga – a floresta Laurissilva – e com espécies endémicas e ameaçadas, como o cravo-de-Sintra (Dianthus cintranus), e raros endemismos, como o feto-de-folha-de-hera (Asplenium hemionitis), que, em toda a península ibérica, ocorre exclusivamente nesta Serra.

O Parque é também um importante habitat para mamíferos e aves, destacando-se a nidificação do falcão-peregrino e da águia-de-Bonelli, entre outras espécies de conservação prioritária.

Saiba mais sobre o património natural de Sintra e como foi moldada a sua diversidade.

Parque Natural da Arrábida (PNArr), na Península de Setúbal

Os 17,6 mil hectares do Parque natural da Arrábida estendem-se da cordilheira calcária que lhe dá o nome – a Arrábida, que inclui as serras do Risco, S. Luís, Gaiteiros, Louro e S. Francisco – às falésias e enseadas que recortam a costa, terminando em mar aberto ou em pequenas praias de areia branca. Localizado às portas de Setúbal, abrange também os concelhos de Sesimbra e Palmela.

Na maior parte deste Parque a vegetação é tipicamente mediterrânica, com sub-bosque típico da floresta antiga que ali terá existido, coberto por matagal rasteiro e vegetação arbustiva (os chamados maquis e garrigue). As encostas a sul, mais abrigadas, acolhem as verdejantes matas do Vidal, do Solitário e Coberta (sob proteção total e de acesso restrito).

Na fauna estão listadas 12 espécies de anfíbios, 17 de répteis, 136 de aves, incluindo várias rapinas que nidificam nas falésias, como a águia-de-asa-redonda ou búteo e o peneireiro-de-dorso-malhado. Entre os 34 mamíferos identificados há desde texugos e doninhas a raposas, assim como importantes colónias de morcegos. Acrescem 650 invertebrados, alguns deles apenas encontrados na Arrábida (endemismos locais).

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Refira-se que este foi um dos primeiros Parques Naturais estabelecidos em Portugal, em 1976, após múltiplos apelos pelos pioneiros da proteção da natureza. A área inicialmente abrangida (terrestre) ampliou-se mais tarde para integrar a fauna e flora marinhas, que integram o Parque Marinho da Arrábida.

5 Parques Naturais a sul, no Alentejo e Algarve

Dos cinco Parques Naturais do Alentejo e Algarve três tocam o mar, mas todos eles têm paisagens, climas e valores naturais muito diferentes, desde maciços montanhosos, planícies onduladas e estepes a escarpas, dunas, estuários e até “florestas submersas” de corais e anémonas.

Parque Natural da Serra de S. Mamede (PNSSM), no Alto-Alentejo

O Parque Natural da Serra de São Mamede destaca-se pelo maciço montanhoso que rompe com a paisagem de planície típica da região alentejana. Este relevo cria zonas de solos e climas diferenciados ao longo dos cerca de 56 mil hectares deste Parque, que se refletem na sua flora e fauna.

Assim, pelos concelhos de Arronches, Castelo de Vide, Marvão e Portalegre, abrangidos pelo Parque, predominam zonas de sobreiro, áreas de carvalho-negral (Quercus pyrenaica), mantos de giesta, esteva e carqueja e zonas pontuais de azinheira (especialmente na serra), assim como espécies típicas de afloramentos rochosos (espécies rupícolas). Esta flora convive com olivais, vinhas e figueirais nas encostas a sul, e com plantações de castanheiro, aveleira (Corylus avellana) e nogueira (Juglans regia) nas encostas altas voltadas a norte.

Esta diversidade de habitats dá guarida a diversas espécies animais. Existem importantes colónias de morcegos na antiga mina de chumbo da Cova da Moura e inúmeras aves nidificam nas zonas escarpadas da Serra de São Mamede, como a águia-de-Bonelli, que é o símbolo do Parque. Entre os mamíferos, destaca-se o raro rato de Cabrera. Anfíbios e répteis também merecem referência, com 14 das 17 espécies de anfíbios e 20 das 27 espécies de repteis existentes em Portugal presentes no PMSSM. Alguns deles só existem na Península Ibérica (endemismos ibéricos), como o lagarto-de-água, o sapo-parteiro-ibérico e o tritão-de-ventre-laranja.

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Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV), no Alentejo Litoral e Algarve

Com uma diversidade de habitats costeiros, que incluem praias, dunas, zonas húmidas costeiras, falésias, ilhotas e rochedos isolados, o PNSACV tem quase 90 mil hectares. Estende-se por uma faixa marítima com cerca de dois quilómetros de largura desde Sines, no Alentejo, a Vila do Bispo, no Algarve, passando também pelos concelhos de Odemira e Aljezur.

Há neste Parque nove habitats prioritários para a conservação, incluindo florestas ribeirinhas, charnecas marítimas, matos de zonas temperadas e charcos temporários.

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A paisagem florestal alterna entre a vegetação densa das serras litorais, típica das zonas húmidas alimentadas por ribeiras e rios (Rio Mira, por exemplo), onde existem espécies como o amieiro e o freixo, e a floresta mais baixa e esparsa das encostas mais secas onde vivem o sobreiro e o medronheiro.

Há cerca de 750 espécies de plantas identificadas, predominantemente mediterrânicas, mas também atlânticas e do norte de África. Entre elas há mais de 100 plantas endémicas, raras ou localizadas, sendo que 12 apenas existem aqui. A silene-vicentina (Silene rothmaleri), única das arribas desta zona, ou o samouco (Myrica faya), uma sobrevivente da antiga floresta Laurissilva, são dois exemplos.

No que diz respeito à fauna, esta é uma área relevante para inúmeras espécies marítimas, mas também para a avifauna, até porque integra a plataforma migratória entre o norte da Europa e o Norte de África. Além das migradoras, muitas outras aves vivem e nidificam nas arribas, como por exemplo a águia-pesqueira e o corvo-marinho-de-crista. Uma das aves que se tornou mais comum por todo o Parque foi a cegonha-branca.

Parque Natural do Vale do Guadiana (PNVG), no Baixo Alentejo

Situado no vale médio do “Grande Rio do Sul”, o PNVG estende-se por uma planície ondulada que se eleva nas serras de São Barão e Alcaria e que esconde os vales encaixados do rio Guadiana e seus afluentes. Estes cursos de água formam a bacia hidrográfica mais importante em Portugal para a conservação de peixes de águas interiores, de que são exemplo o saramugo, espécie considerada Criticamente Em Perigo em Portugal, e a Vulnerável boga-do-Guadiana.

Com perto de 70 mil hectares, o território protegido avança pelos concelhos de Mértola e Serpa, com uma paisagem árida na estação quente, mas verdejante nos invernos mais chuvosos, que se altera nos vales escavados pelos rios e nas elevações serranas.

O coberto vegetal é dominado por montados de azinho, com algum sobreiro, áreas de esteval e culturas de sequeiro, que são importantes para várias aves, incluindo a última colónia urbana – e uma das mais importantes a nível nacional – de peneireiro-das-torres. Outras aves, como a águia-imperial-ibérica o abutre-preto, têm sido apoiadas por programas de proteção ou melhoramento de habitat.

Este foi tradicionalmente território do lince-ibérico e, desde final 2014, que é uma das zonas de reintrodução deste mamífero icónico, que aqui tem vindo a reproduzir-se. No censo efetuado em 2023, estimou-se uma população de 291 linces no Vale do Guadiana.

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Parque Natural da Ria Formosa (PNRF), no Sotavento algarvio

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Com duas penínsulas, cinco ilhas, seis barras e um sapal, a Ria Formosa é a mais importante zona húmida do sul de Portugal. Os seus 17,9 mil hectares estendem-se por cerca de 60 quilómetros de costa, do Ancão a Manta Rota, pelos concelhos de Faro, Loulé, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António. Além de integrar áreas terrestres, o Parque destaca-se pelo vasto cordão de ilhas-barreira e o seu sistema lagunar, que serpenteiam entre a terra firme e o oceano, com a água salgada a misturar-se com a água doce, trazida por pequenos cursos de água sazonais.

Com zonas húmidas, aquáticas e terrestres, o PNRF abriga grande diversidade de fauna. Funciona como viveiro para peixes, moluscos e crustáceos, e é igualmente importante para as aves, incluindo muitas migradoras e para várias com estatuto de proteção, como o pato-de-bico-vermelho e o camão -, este último símbolo do Parque. Nos répteis, merece referência uma subespécie de camaleão raro e ameaçado, que apenas existe no litoral algarvio, em zonas de pinhais costeiros e dunas litorais com vegetação.

Na flora são exatamente os pinheiros a destacar-se, a par de outras plantas que se fixam nas dunas e das que crescem no sapal, em meio salino, como a Spartina maritima, que está na base do Habitat Natura 2000 Prados de Spartina (Habitat 1320).

Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado

O primeiro Parque Natural Marinho em Portugal continental, o Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado, foi classificado em 2024 e abrange a zona costeira de Albufeira, Lagoa e Silves, num total superior 15,6 mil hectares (de costa e mar até 50 metros de profundidade).

É nesta área que se localiza a chamada Pedra do Valado, que constitui o maior recife rochoso costeiro a baixa profundidade em Portugal. Estudos já realizados entre Lagos e Faro, tinham identificado mais de 1294 espécies nesta costa. Cerca de 70% foram registadas neste recife, sendo 45 delas novos registos nesta zona e 12 espécies antes desconhecidas pela ciência.

Entre as espécies identificadas estão variadas espécies de peixes, aves aquáticas, um mamífero marinho, moluscos, artrópodes, corais, anémonas, algas, ervas-marinhas e várias outras que habitam as pradarias e florestas submersas.

Esta biodiversidade tem sido estudada por um projeto coordenado pelo Centro de Ciências do Mar, da Universidade do Algarve, que está a trabalhar no sentido de tornar esta zona numa Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário.

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