Uma das características que diferencia a MONTIS de outras associações ambientais está no seu modelo de atuação, com atividade direta no terreno.
Entre estas atividades estão iniciativas muito diversas, que vão desde o fogo controlado ao controlo de plantas invasoras, passando pela abertura e manutenção de caminhos, por atividades de estabilização e consolidação de solos e de proteção de linhas de água. As ações de apoio à regeneração natural, assim como as de sementeira e plantação integram igualmente esta longa lista de afazeres, que incluem ainda a instalação de estruturas que apoiam o refúgio e alimento de espécies animais silvestres e a inventariação destas espécies, para um conhecimento mais concreto da biodiversidade.
Grande parte destas atividades é assegurada por voluntários, com o apoio de uma equipa técnica fixa que, embora ágil, é muito reduzida. Só pontualmente é que a MONTIS recorre à contratação de recursos especializados e mesmo em atividades que exigem conhecimento técnico, como por exemplo o fogo controlado, o voluntariado é essencial, “pois apoia toda a logística das operações”, refere Teresa Gamito. São os voluntários que “desenvolvem muitas das atividades preparatórias, como a abertura de faixas por exemplo” complementa Luís Lopes.
O voluntariado de longa duração é, assim, essencial à continuidade das operações no terreno e a MONTIS tem beneficiado de várias iniciativas de voluntariado europeu. Coordenou o projeto LIFE Volunteer Escapes (2018 – 2021), revela o vice-Presidente da associação, e tem o “selo de qualidade” do European Solidarity Corps, o que tem permitido envolver voluntários estrangeiros. Recebeu também voluntários pela via da organização francesa de integração e educação não formal Parcours le monde, que ficam por três a quatro meses. “Desde abril de 2023, recebemos 11 pessoas encaminhadas por este programa francês, que tem muita confiança na MONTIS, mas que está agora parado e a planear uma nova ronda de voluntariado”.
De entre as ações promovidas, muitas são dirigidas ao voluntariado de curta duração – de um dia. Embora acabem por ser menos eficazes no que toca à atividade no terreno, pois por vezes é necessário capacitar as pessoas para as operações a realizar, o seu papel é importante para o envolvimento e sensibilização da sociedade civil, em especial de muitas pessoas que não têm ligações ao mundo rural, nem contacto com a terra. Muitos destes voluntários vivem nas cidades e querem saber mais sobre o campo, a floresta, a natureza… “Esta é também uma realidade comum a muitos dos nossos sócios: são pessoas que vivem longe das áreas rurais, mas que gostam de saber como conservar e de acompanhar o estamos a fazer”, explica Luís Lopes.
A MONTIS tem também colaborações com estudantes universitários, apoiando estágios académicos e teses de mestrado. “Por exemplo, o protocolo de levantamento da biodiversidade nas propriedades foi feito no âmbito de uma destas teses”, lembra Luís Lopes, acrescentando que contam atualmente com um estagiário espanhol, do Centro Universitário Escorial, que está a criar um plano para a monitorização de serviços de ecossistema, e com uma estagiária da Universidade de Évora, cuja tese irá apoiar a criação de uma estação de biodiversidade. Esta relação com estudantes tem benefícios mútuos: a MONTIS proporciona-lhes um acompanhamento em campo e os trabalhos que desenvolvem acabam por dar à associação informação que enriquece o seu conhecimento sobre as propriedades e os seus valores naturais.
No evento que assinalou o 10.º aniversário da MONTIS, em abril de 2024, foi reforçada esta vertente de colaboração com instituições de ensino superior, com um protocolo com o Instituto Politécnico de Viseu.