No campo das respostas importa analisar políticas recentes e recursos existentes. Os Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF) foram revistos em 2019 e estarão em vigor até 2039. Contudo, deles não se esperam contribuições relevantes para a sustentabilidade da floresta portuguesa uma vez que não promovem alterações no coberto florestal no sentido de aumentar a diversidade florestal (as quatro espécies com maior área representam 81% da floresta), nem contribuem para a adaptação das florestas às alterações climáticas e socioeconómicas em curso ou para aumentar a oferta e valor de serviços de ecossistema das florestas.
O Programa de Transformação da Paisagem (PTP), em fase de implementação, poderá contribuir de forma significativa para a sustentabilidade da floresta através do aumento/melhoria da resiliência em relação ao fogo e de processos, funções e serviços de ecossistema. O programa prevê o pagamento de serviços de ecossistema entre outras medidas destinadas a inverter o abandono e homogeneização da paisagem. O sucesso do programa será sempre limitado pelas áreas e escala de implementação e das alterações que venham efetivamente a ser conseguidas. A dependência de um índice de perigosidade que não define de forma conveniente as áreas de intervenção prioritárias poderá ser uma limitação do impacto do programa.
As contribuições do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais (PNGIFR), em implementação, para a sustentabilidade são incertas. O processo de desenvolvimento do Plano e a sua estrutura são complexos, o que afetará a sua implementação e resultados a obter. Ao não considerar explicitamente (ou mesmo implicitamente) as alterações climáticas e ao não assegurar alterações no ordenamento e planeamento florestal que ultrapassem as previstas nos instrumentos e políticas que fazem parte do seu Programa Nacional de Ação (2020-2030), muitos dos quais em funcionamento há décadas, não garante que, por esta via, possam ser esperadas alterações significativas no fornecimento de serviços de ecossistema e na sustentabilidade das florestas.
Ao nível dos recursos, estão previstos investimentos financeiros consideráveis na floresta portuguesa. No entanto, há atualmente uma escassez praticamente total de recursos humanos qualificados na área florestal. A nível do ensino superior, nunca em Portugal tão poucos alunos ingressaram em ciclos de estudos nas áreas da Engenharia Florestal e afins como nos anos mais recentes. Do ainda menor número de alunos que concluem as formações, apenas uma pequena percentagem entra efetivamente no mercado de trabalho. Sem profissionais qualificados que dominem conceitos e métodos atuais nos diferentes domínios das ciências e engenharia florestal, será impossível assegurar a sustentabilidade da floresta portuguesa.
A floresta em Portugal oferece um conjunto de serviços de ecossistema essenciais. A sua sustentabilidade é, contudo, incerta. Depende de fatores e processos que não controlamos (como o clima), mas cujos efeitos negativos, apesar disso, podem ser prevenidos ou ultrapassados. Depende sobretudo de fatores e processos sobre os quais podemos atuar e que a sociedade, no seu conjunto, tem a obrigação de ajustar ao bem-estar dos portugueses através de participação ativa e tomada de decisão informada. Quanto mais a sociedade tardar a aperceber-se disso, mais longe ficaremos de uma floresta sustentável e para todos.