A atividade agrícola e florestal tem permitido a evolução das sociedades humanas desde que se tornaram sedentárias. Embora o clima tenha a sua influência (especialmente a temperatura e também a chuva que fornece água às plantas), o solo – e o correto teor de matéria orgânica no solo – é um dos fatores essenciais ao crescimento das plantas e à produtividade vegetal.
Desde há muito que se adiciona matéria orgânica no solo para o tornar mais fértil, mas desde 1840 que a forma tradicional de adubar as terras mudou radicalmente. Nessa altura, o químico Justus von Liebig apresentou a “teoria mineral”, que revolucionou a adubação e deu início ao advento dos fertilizantes minerais. Liebig ficou conhecido como o “pai da agricultura moderna”.
Até então os agricultores recolhiam matos que serviam de alimento aos animais, os quais produziam estrume com que se fertilizavam os campos, num processo circular que se repetia. Com os adubos minerais, a fertilização tornou-se mais eficiente e imediata, já que o acesso a nutrientes concentrados e facilmente absorvíveis pelas plantas levou a um aumento massivo das produções. Este fator, aliado à mecanização e a outras inovações que caracterizaram a chamada Revolução Verde, veio aumentar a produtividade e rendimento agrícolas. Mas nem tudo foi positivo:
– O processo de fertilização passou a ser linear, implicando a compra de adubos produzidos por terceiros. Desta forma, os subprodutos pecuários e as sobras das culturas agrícolas e florestais, que eram tradicionalmente usados como fertilizantes, deixaram de ter destino. Com o tempo, acabaram esquecidos e desvalorizados. Acresce que a produção de adubos minerais em larga escala implica a extração contínua de recursos não renováveis, como o fósforo por exemplo (fosfatos), cujas jazidas estão reduzidas a poucos países e começam a escassear. A produção e importação destes fertilizantes têm ainda associado um elevado custo energético e estão dependentes dos preços dos combustíveis fósseis;
– A exploração contínua e intensiva das terras levou, em várias situações, a desequilíbrios na composição do solo e ao seu esgotamento. A perda da matéria orgânica no solo é uma das consequências, embora não a única. A degradação do solo implica outras perdas, já que este é um complexo sistema de suporte de vida que, além de matéria orgânica, matéria mineral, água e ar, alberga organismos vivos (conjunto designado por microbioma). São estes microrganismos – parte da biodiversidade do solo – que transformam a matéria orgânica e inorgânica, e que libertam os seus elementos sob formas que as raízes das plantas conseguem reconhecer e absorver.