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Indicadores Florestais

Qual a idade das florestas em Portugal e na Europa? E a sua saúde?

Em Portugal, a idade das florestas situa-se, na maioria dos casos, entre os 20 e os 80 anos, uma tendência em linha com a Europa. Em termos de saúde, as principais fontes de danos nas florestas são pragas e doenças.

Datar a floresta portuguesa não é um processo exato, já que não existe um levantamento oficial da idade média dos povoamentos florestais no país. No entanto, é possível inferir, através da evolução histórica, que a maioria da área florestal terá entre 20 e 80 anos, de acordo com informação do ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

As florestas jovens correspondem, de modo geral, às áreas de eucalipto. Apenas uma pequena parte da floresta nacional, constituída principalmente por áreas plantadas no séc. XIX e início do séc. XX, terá mais de 80 anos.

A evolução histórica da área florestal portuguesa foi marcada por grandes variações. A floresta natural predominante no território desenvolveu-se há cerca de 13 mil anos, depois do último período glaciar, indica o projeto Floresta Comum. À medida que o clima se tornou mais ameno, os carvalhais ganharam progressivamente maior dimensão. E, apesar do declínio progressivo da espécie, os povoamentos mais velhos existentes em Portugal, fora das reduzidas áreas naturais remanescentes, são precisamente de carvalhos, além de castanheiros, montados de sobro e azinho e outras folhosas.

Estima-se que a árvore mais antiga de Portugal seja a “Oliveira do Mouchão”, com 3350 anos.

Os montados viram a sua área crescer a partir do final do século XIX, mas encontram-se atualmente envelhecidos e em declínio. As últimas grandes plantações de montado, que ocuparam áreas estimadas em 53 mil hectares, foram feitas entre 1986 e 1995, no âmbito dos programas financiados pela União Europeia de florestação de terras agrícolas.

Evolução histórica da área de floresta, 1860 – 2020

Área de floresta - gráfico de evolução entre 1860 e 2020

As florestas de idade homogénea predominam na Europa

As florestas na Europa são maioritariamente equiénias (com árvores com a mesma idade), com apenas um terço de florestas com idade irregular, de acordo com o relatório State of Europe’s Forests 2020.

A informação sobre a idade dos povoamentos na Europa é escassa. Um estudo feito em 2012 fez análise da estrutura etária das florestas europeias entre 1950 e 2010. Os resultados mostram que a idade média decresceu neste período para os cerca de 60 anos, com variações entre países. A diminuição da idade média está relacionada com o aumento das florestações (plantações de novas áreas) e alterações na gestão florestal, nomeadamente a utilização de cortes rasos ao invés de cortes seletivos que mantêm árvores mais velhas nos povoamentos.

De acordo com o European Forest Ecosystems (p. 50), da Agência Europeia do Ambiente, a proporção de florestas com idade entre os 40 e os 100 anos aumentou desde 1980, enquanto a proporção de florestas “velhas”, com mais de 100 anos, decresceu, especialmente nos países do norte e oeste europeu. Nesta área, apenas 17% das florestas tinham mais de 80 anos de idade.

Embora a percentagem de florestas com mais de 80 anos de idade tenha aumentado ligeiramente desde 1990, especialmente nos países mais a sudeste, segundo o relatório da Agência Europeia do Ambiente sobre o estado e tendências dos ecossistemas florestais europeus, apenas 5% das florestas na Europa têm árvores com mais de 140 anos.

A saúde das florestas na Europa e em Portugal

De acordo com o relatório State of Europe’s Forests 2020, nos 22 países europeus (exceto a Rússia) que forneceram dados,3,3% da sua área florestal (4,4 milhões de hectares) estavam afetadas por danos em 2015. O país com maior área florestal afetada era a Républica da Moldávia (19,5%), seguida pela Suécia (9.4%), Irlanda (7.3%), Bélgica (6.4%) e Dinamarca (5.5%).

Causas de dano às florestas europeias, 2015
(em percentagem da área florestal reportada como danificada)

As ameaças à saúde das florestas na Europa têm variado ao longo do tempo. Durante o século XX, de modo geral, as florestas na Europa foram afetadas por poluição atmosférica. Nos anos 80, o grande foco de problema residia nas chuvas ácidas, com impacte nas árvores e na qualidade da água. Atualmente, as principais ameaças à saúde e produtividade das florestas têm sido pragas e doenças e danos resultantes de tempestades, vento e neve.

A República da Moldávia foi o país mais afetado por pragas e doenças (19,5% da área florestal), seguindo-se Liechtenstein (15,8%) e Portugal (13,2%). No total europeu (dados de 29 países), cerca de 1% da área florestal está afetada por pragas e doenças. A vida selvagem e o pastoreio provocaram danos em cerca de 1% da área florestal da Europa (dados de 19 países), enquanto os fogos florestais danificaram 0,1% (dados de 31 países). Existem ainda dados causados por tempestades, vento e neve, que afetaram 1,1% da área florestal (dados de 25 países), assim como danos resultantes de operações florestais (0,2%).

Uma análise aos dados do Joint pan-European dataset mostra que, desde 1990, a área florestal com danos tem vindo a aumentar, tendo atingido um valor de quase 10 milhões de hectares em 2005.

As pragas e doenças foram a principal causa de danos até 2005, ano em que os danos resultantes de tempestades, vento e neve começaram a representar cerca de 30% dos danos florestais.

Artigo de setembro de 2019, atualizado em maio de 2022