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Emprego e Empresas

Metade do emprego relacionado com a floresta está no Norte

Não é a região com mais área florestal em Portugal, mas é no Norte que se concentra a maior parte do emprego relacionado com a floresta. Nesta região localizam-se perto de 40% das empresas e trabalham metade das pessoas que em todo o país estão ao serviço das atividades silvícolas e das indústrias de base florestal.

Do total de empresas dedicadas à silvicultura e à transformação de madeira e cortiça em Portugal, a maioria encontra-se no Norte e no Centro e é nestas duas regiões que se concentra também a maior parte do emprego relacionado com a floresta. Juntas, agregam 67% das empresas e 79% do emprego, mas o Norte toma a dianteira em ambos os indicadores.

Os dados mais recentes disponibilizados pelo INE – Instituto Nacional de Estatística são de 2019 e dizem respeito às atividades indexadas à silvicultura (incluindo exploração florestal e serviços que as apoiam) e às três principais indústrias de base florestal: transformação de madeira e cortiça, produção de pasta, papel e cartão e fabrico de mobiliário (exceto colchões). Ainda assim, ficam de fora múltiplas atividades, desde a caça aos serviços ambientais e turismo.

Percentagem das empresas e emprego na silvicultura e três principais indústrias de base florestal, Portugal, 2019

Globalmente, os dados do INE dão a conhecer que estas quatro áreas de atividade congregam 17855 empresas, que têm ao seu serviço 92463 pessoas e que estão na origem de importantes dinâmicas socioeconómicas, em especial a norte do Tejo. A nível nacional são as indústrias de base florestal que trazem os principais contributos: mais de 10 mil empresas e perto de 75 mil pessoas ao serviço, o que equivale a cerca de 10% do total de pessoas ao serviço da indústria transformadora em Portugal, em 2019.

Repartição regional das empresas e emprego na silvicultura e três principais indústrias de base florestal, Portugal, 2019

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Fonte: INE – Sistema de Contas Integradas das Empresas: Empresas por Localização geográfica e atividade económica; Pessoal ao serviço por localização geográfica e atividade económica; dados arredondados (fontes comuns a gráficos e mapa)

Retrato das empresas e emprego no Norte

As mais de 6900 empresas silvícolas e da indústria de base florestal do Norte tinham ao serviço em 2019 mais de 45 mil pessoas, cerca de metade de um total nacional superior a 92 mil.

As indústrias do mobiliário e as da madeira e cortiça são as mais representativas no Norte e perfazem 78% das empresas da região. São elas também as principais criadoras de emprego relacionado com a floresta: juntas, concentram mais de 40% do emprego a Norte, com cerca de 37,5 mil pessoas ao serviço.

O restante divide-se pela indústria da pasta, papel e cartão que, com 560 empresas, emprega cerca de 5,4 mil pessoas; e pela silvicultura, que conta com aproximadamente 1200 empresas e dá um contributo mais modesto ao emprego, com perto de 3 mil pessoas ao serviço.

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Num olhar sobre as diferentes sub-regiões a Norte (NUTS 3 ou entidades administrativas), a Área Metropolitana do Porto é a que mais contribui para o emprego relacionado com a floresta, com mais de 26 mil pessoas ao serviço (cerca de 58%). Também aqui são as indústrias da madeira e cortiça e as do mobiliário que empregam mais pessoas. Contudo, esta zona lidera não apenas no emprego industrial, mas também no das atividades silvícolas.

Os contributos seguintes em termos de postos de trabalho localizam-se nas zonas fronteiras à Área Metropolitana do Porto: Tâmega e Sousa (21%), Ave (7%) e Cávado (perto de 7%).

Com quase 7 mil empresas e 45 mil pessoas ao serviço, a região Norte concentra 39% do número total das empresas e 50% do emprego relacionado com a floresta. Estes números tornam-se ainda mais relevantes se tivermos em conta que a área florestal da região representa 18% do total nacional, perfazendo cerca de 585 mil hectares, muito menos do que no Centro e no Alentejo, de acordo com o IFN6 – Inventário Florestal Nacional.

Pessoas ao serviço (%) nas empresas silvícolas e da indústria de base florestal nas sub-regiões Norte

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Fonte: INE – Pessoal ao serviço (N.º) das Empresas por Localização Geográfica (NUTS – 2013) e Atividade económica: Silvicultura e exploração florestal, Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras, Fabricação de pasta, de papel, de cartão e seus artigos, Fabricação de mobiliário exceto colchões. Dados arredondados.

Centro dá segundo maior contributo ao emprego relacionado com a floresta

O Centro é a segunda principal região em número de empresas na silvicultura e indústria de base florestal – mais de 5 mil, ou 28% do total nacional – e estas empresas têm cerca de 27 mil pessoas ao serviço, cerca de 29% do total do emprego relacionado com a floresta no nosso país.

Relativamente às sub-regiões com maior número de empresas, é Coimbra que detém o maior número de empresas – quase um quarto do total do Centro -, seguida por Aveiro e Leiria.

Quanto às atividades predominantes no Centro, mais de metade (55%) das empresas dedicam-se à silvicultura, exploração florestal e aos serviços que apoiam estas atividades, área onde se integram também a extração de cortiça, resina e de outros produtos florestais. A grande maioria das empresas silvícolas está localizada em Coimbra (mais de 880), mas também nas sub-regiões Médio Tejo, Viseu Dão Lafões e Aveiro os números são representativos, com mais de 300 empresas silvícolas cada. Apesar de muito expressiva em número de empresas, o número de empregos é um pouco mais modesto: 6400 pessoas (24%).

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Empresas silvícolas e da indústria de base florestal no Centro (%)

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Fonte: INE – Empresas (N.º) por Localização geográfica (NUTS – 2013) e Atividade económica: Silvicultura e exploração florestal, Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras, Fabricação de pasta, de papel, de cartão e seus artigos, Fabricação de mobiliário exceto colchões. Dados arredondados.

Um quarto das empresas do Centro (25%) trabalha com o processamento e transformação da madeira e cortiça, um vasto conjunto de atividades que incluem desde a serração ao aplainamento e impregnação, passando pelo fabrico de folheados, contraplacados, lamelados, outros painéis e também de embalagens de madeira e cortiça. É esta a atividade que mais pessoas emprega: mais de 8700 pessoas ao serviço, o que representa perto de 32% do total do emprego relacionado com a floresta nesta região. A maioria está localizada em Aveiro e Coimbra.

O mobiliário é a terceira principal atividade (18%), em especial em Leiria, Aveiro e Oeste, mas é a segunda principal indústria em termos de geração de emprego, com mais de 7700 pessoas em atividade, ou 29% do emprego.

Em muito menor número (apenas 2%) estão as empresas que se dedicam à produção de pasta, papel e cartão, cerca de um terço das quais em Aveiro. No entanto, 2% das empresas geram mais de 15% do emprego da região Centro, com mais de 4150 pessoas ao serviço.

19% do emprego nas regiões de Lisboa e Alentejo

A Área Metropolitana de Lisboa é a terceira mais importante no emprego relacionado com a floresta, embora seja a quarta maior em número de empresas, com um contributo de 10% para o total nacional, tanto em número de empresas como em pessoas ao serviço. A indústria da pasta, papel e cartão é a que mais emprego gera, com quase 3 mil postos de trabalho (31%), seguida de perto pelas atividades silvícolas (30%), embora as indústrias da madeira e cortiça e a do mobiliário tragam também contributos relevantes (21,5% e 17,5%, respetivamente).

O Alentejo é a terceira região com mais empresas (18%), mas a quarta em emprego relacionado com a floresta (9%), com mais de 8300 pessoas ao serviço. Ali, as atividades da silvicultura são as principais geradoras de emprego, responsáveis por mais de metade das pessoas ao serviço (um total de 4567), mas destacam-se também os mais de 1600 postos de trabalho relacionados com a indústria da madeira e cortiça, especialmente expressivos no Alto Alentejo e Alentejo Central.

Algarve, Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira trazem contributos bastante modestos para o total nacional, tanto em empresas como em emprego. Em conjunto, têm apenas 4% das empresas e perto de 2% do emprego relacionado com a floresta.

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