Outro condimento que batizou as Molucas como as “Ilhas das Especiarias” foi o cravinho ou cravo-da-índia, pois esta é outra das especiarias que cresce em árvores nativas deste arquipélago indonésio. Na sua origem está a espécie Syzygium aromaticum, uma árvore esguia, de folhas perenes, que cresce naturalmente nas florestas das encostas montanhosas (em média altitude), e que costuma erguer-se aos oito a 12 metros, podendo elevar-se até aos 20.
É das flores rosa ou avermelhadas desta espécie, da família botânica das mirtáceas (Myrtaceae), que se obtém a especiaria. O cravo-da-índia é o botão da flor, que se colhe ainda imaturo, colocando-se depois a secar. É com a secagem que ele escurece o revela o sabor acre, apreciado na culinária e em várias outras aplicações, como por exemplo na perfumaria. O sabor está concentrado nas glândulas de óleo que existem nestes botões da flor e em várias outras partes da árvore.
O principal componente ativo do óleo essencial de cravo é o eugenol, a que se reconhecem vários efeitos benéficos, incluindo analgésicos, antimicrobianos, antioxidantes e anti-inflamatórios.
Esta especiaria era consumida, com o nome de Cariophilum, pelos povos mediterrânicos, havendo referências ao seu comércio em textos do Velho Testamento e informações de que já era conhecido no Egipto, no século IV a.C.. Conta-se que os enviados da atual Indonésia à China, nos anos 200 a.C., levaram consigo cravinho: era mantido na boca para perfumar o hálito.
No final da Idade Média, a especiaria já era usada na Europa para conservar a aromatizar alimentos. Era, então, uma das especiarias mais caras das que chegavam à Europa vindas do Oriente antes dos Descobrimentos. Aliás, os portugueses foram os primeiros europeus dos tempos modernos a conhecer as plantas que produzem o cravinho e foi esta especiaria, tal como a noz-moscada, que nos levou a Malaca e às Molucas no início do século XVI.
A espécie Syzygium aromaticum manteve-se confinada nas ilhas Molucas por muito tempo, tendo a produção sido propositadamente confinada pelos portugueses e depois pelos holandeses para conseguirem controlar o respetivo comércio, num apertado monopólio que só acabaria perto de 1780, quando expedições francesas conseguiram obter sementes e estabelecer novas plantações em ilhas do Pacífico. Depois de introduzida nas Maurícias e na Caiena, terá chegado também à costa oriental africana, Zanzibar (um dos maiores produtores mundiais) e ao Brasil.