A camarinha ou camarinheira (Corema album) é um arbusto que nasce principalmente em habitats dunares e solos arenosos e que cresce naturalmente no litoral atlântico ibérico.
Adaptada ao vento, à salinidade e à secura destas paisagens próximas do mar, a espécie faz parte dos matagais que têm um papel ecológico importante na fixação e estabilização das dunas. Ainda assim, o que a torna mais reconhecida são as camarinhas – as suas pequenas e deliciosas “pérolas” que aparecem no verão.
Da família das Ericaceae – a mesma a que pertencem, por exemplo, o medronheiro (Arbutus unedo) e o arando ou mirtilo (Vaccinium myrtillus) – a camarinheira deve o seu nome científico Corema ao grego “korema” que designava um feixe ou conjunto de ramos – uma vassoura – e a sua densa e fina ramagem terá sido utilizada em tempos antigos com esta finalidade (tal como as ramagens de outros arbustos). O qualificativo album é mais percetível, aludindo à alvura ou brancura dos seus frutos.
Este é um arbusto ou subarbusto que cresce geralmente até aos 30 a 75 centímetros, embora possa elevar-se até cerca de um metro, e que forma pequenas moitas densas e arredondadas. Os seus caules, lisos e com uma casca castanha acinzentada, são muito ramificados. As folhas são estreitas, lembrando finos cilindros dispostos ao longo dos ramos, que sobressaem pelo seu verde-escuro brilhante. A parte superior da folha enrola-se sobre a inferior para a proteger e é revestida por uma cutícula serosa espessa, que evita a perda de água por transpiração, o que ajuda a planta a resistir à secura das areias durante o período quente.
A camarinheira tem plantas masculinas e femininas (espécie dioica). Os arbustos masculinos produzem inflorescências pequeninas, reunidas no limite dos ramos, com estames evidentes e anteras que lhe dão um “tufo de cor” laranja. As plantas femininas têm flores igualmente pequeninas – cerca de dois milímetros – que surgem isoladas ou aos pares. As suas três pétalas têm um tom rosado. São estas cores que sobressaem por entre o verde da folhagem durante a primavera – entre fevereiro e junho –, quando a camarinheira desenvolve a sua floração.














