Comecemos pelos efeitos que despertam os aromas dos óleos essenciais. Os “bons aromas” aludem a memórias e despertam sensações que, tendencialmente, estão associadas ao bem-estar. Parte destes efeitos é explicada pelo funcionamento do nosso cérebro: os odores que recebemos são transmitidos de forma praticamente direta ao sistema límbico, a área do cérebro responsável pela emoção e a memória. Depois, os neurotransmissores comunicam internamente o sentimento interpretado, despertando efeitos físicos. Por exemplo, pensa-se que as sensações positivas ajudem na produção de hormonas, como a dopamina ou a serotonina, que contribuem para promover a sensação de bem-estar.
Uma panóplia de efeitos calmantes e estimulantes (do relaxamento à concentração) são, por isso, atribuídos aos aromas a que estamos expostos e esta é a ideia por detrás da aromoterapia. Além de reações fisiológicas e da influência da experiêcia anterior (memórias), este bem-estar pode ter base noutras causas que são, na prática, difíceis de distinguir: em mecanismos baseados na atribuição de dimensões positivas a determinados estados emocionais e nas expectativas que criámos antes da exposição ao aroma ou óleo essencial (efeito placebo).
Numa outra dimensão, a indústria farmacêutica recorre também a alguns óleos essenciais. Em Portugal, em 2007, estavam aprovados cerca de cinco dezenas de fármacos preparados a partir de “órgãos ou partes de plantas, apresentados inteiros ou pulverizados, frescos ou secos, bem como óleos essenciais”, refere Carlos Cavaleiro, professor na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, em “Plantas aromáticas e óleos essenciais em farmácia e medicina”.
Os óleos essenciais (e outros compostos constituintes das plantas) podem ser usados como fármacos ativos pelo valor terapêutico das suas atividades biológicas e farmacodinâmicas. Adicionalmente, têm outros benefícios na área médica e farmacêutica:
- compostos isolados podem ser usados no processo de obtenção das moléculas que estão na base dos medicamentos. É o caso, por exemplo, da semi-síntese da vitamina A a partir do citral que está presente nos óleos essenciais (de odor cítrico) provenientes de plantas como a erva-príncipe (Cymbopogon citratus) ou erva-cidreira (Melissa officinalis), entre outras;
- concentrados aromáticos têm aplicação como adjuvantes e aromatizantes, para corrigir o sabor e odor de medicamentos de toma oral ou aplicação na pele.