Num relatório publicado em outubro de 2022, a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura prevê que o consumo de produtos primários florestais aumente 37% até 2050, percentagem que será bastante maior quando consideradas as aplicações emergentes das fibras da madeira e a procura por madeira para substituir materiais não renováveis rumo à descarbonização.
Para Mark, o crescente uso de materiais com origem na floresta, nomeadamente os produtos de madeira com um ciclo de vida longo, incluindo madeiras estruturais, é uma das chaves para aumentar a retenção de carbono. E exemplifica com o sector da construção civil, no qual a substituição de materiais de base fóssil por madeiras – quer para aplicação nas estruturas quer em produtos de madeira, como portas, janelas, pisos, etc. – permite reduzir emissões ao mesmo tempo que promove a retenção de carbono a longo prazo.
“E não estou a falar apenas de pequenas casas de madeira. Em agosto de 2022 foi concluído um edifício de 26 andares em Milwaukee (EUA). Foi certificado como o mais alto de sempre feito em madeira. Mesmo as fundações são de madeira”, o que demonstra que a transição não é impossível mesmo num sector que, se fosse um país, seria o terceiro que mais dióxido de carbono emitiria, a seguir aos Estados Unidos da América e à China.
E mais, enquanto hoje, um edifício em fim de vida é desmantelado, sem qualquer reutilização do que sobra, se esse edifício fosse de madeira, a matéria-prima poderia ser reaproveitada, retrabalhada e, no final, quando já não tivesse outro aproveitamento, poderia seguir para queima destinada à produção energética.
“Os produtos de madeira que armazenam carbono ao longo de todo o seu ciclo de vida, o efeito de substituição de materiais de base fóssil por materiais lenhosos renováveis e os processos de circularidade, com reutilização da madeira, o seu uso em cascata de valor e posterior reciclagem, podem trazer duas a três vezes mais benefícios climáticos, em termos de retenção de carbono, do que a floresta só por si”, salienta.