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Saúde e Bem-estar

Alfarroba: um superalimento saudável e nutritivo

A alfarroba tem vindo a afirmar-se como uma alternativa saudável ao cacau e chocolate. Rica em fibras, vitaminas do complexo B e minerais essenciais, não contém glúten, alérgenos ou estimulantes. Descubra-a através da nossa sugestão de receitas.

Diz-se que, durante a sua passagem pelo deserto, S. João Baptista se alimentou de alfarroba e esta é razão por que as vagens da alfarrobeira também são conhecidas como Pão de S. João (mesmo em inglês, chamam-lhe “St. John Bread”).

Se é certo que esta história confirma a alfarroba como um alimento antigo, como relata a DGADR – Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, só nas últimas décadas se descobriu que pode ser considerada um superalimento.

O seu valor nutricional e compostos bioativos, a par da versatilidade na culinária, permitem satisfazer um conjunto de necessidades de saúde, dietéticas e também novas tendências alimentares.

Nos últimos anos, multiplicaram-se as receitas e os alimentos com alfarroba, muitos deles já acessíveis em grandes superfícies, espaços bio e lojas dietéticas, desde o pão aos bolos e biscoitos, passando por barras, doces e cremes para barrar, bebidas e, claro, pela farinha ou pó de alfarroba, que constituem a base de toda esta oferta.

Desde a antiguidade, que a alfarroba integrou a alimentação de diversos povos e há indícios de que os romanos já mastigavam as suas vagens secas, muito apreciadas pelo seu sabor adocicado.

Alfarroba: um substituto do chocolate

Muitos destes novos produtos e receitas utilizam a farinha alfarroba como substituto do cacau e do chocolate, pela sua cor escura e acastanhada e sabor adocicado.

Mas há mais razões que recomendam a substituição e entre estas estão as questões de saúde. “Os compostos bioativos presentes na alfarroba, em conjunto com os aromas que lembram cacau e com as suas propriedades sensoriais únicas realçadas pela torrefação, sublinham o potencial da alfarroba como substituto do cacau em vários produtos alimentares”, concluiu o artigo “Carob as cocoa substitute: a review on composition, health benefits and food aplications”.

A alfarroba tem sido objeto de estudo, em particular por parte de equipas de investigação dos países mediterrânicos, mas também em destinos que a adotaram mais recentemente, como os EUA (Califórnia), África do Sul e Austrália. Estão hoje confirmados os benefícios da semente e da polpa da alfarroba – e também das próprias folhas da alfarrobeira – para a saúde humana.

São-lhes reconhecidas propriedades anticancerígenas, antidiabéticas, antidiarreicas, antioxidantes, antivirais e digestivas, entre vários outros benefícios, como ajudarem a controlar o refluxo gástrico nas crianças e a perda de peso, resume o Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos, no seu Manual “Alfarrobeira: Estado da Transformação”, que faz um sumário dos estudos de vários investigadores, ao longo das últimas décadas.

A polpa contém elevada quantidade de polifenóis, com atividade antioxidante e anticancerígena, explica o referido Manual e indica que a extração destes compostos pode ser feita também a partir das folhas, onde se encontrou alta atividade oxidante e de proteção celular, assim como efeito antibacteriano.

Um estudo recente, que avaliou o potencial bioativo de diferentes partes da alfarrobeira, demonstrou “que os extratos preparados a partir dos diferentes componentes da alfarroba possuem atividade antioxidante” e que o extrato etanólico do grão da alfarroba foi o que mais se destacou pela elevada atividade antioxidante e antimicrobiana.

A doçura natural da farinha de alfarroba

Segundo a calculadora online Yazio, uma chávena de farinha de alfarroba (103 gramas) tem 229 Kcal, 41 gramas de fibras e uma elevada presença de vitaminas essenciais, nomeadamente do complexo B, assim como de minerais como cálcio e potássio. Eis os principais benefícios:

  • A sua riqueza em açúcares naturais confere-lhe um sabor adocicado;
  • Tem uma alta percentagem de fibras que contribuem para a redução do total de glicose absorvida pelo intestino, além de ajudarem ao equilíbrio gástrico e da flora intestinal;
  • O seu teor de gorduras saturadas – as gorduras que causam colesterol – é praticamente inexistente;
  • Importante fonte de vitaminas B3, B2 (Riboflavina) e B6, que atuam no metabolismo das gorduras, na produção de energia e na promoção da função das células (proteção da oxidação e desenvolvimento da função celular);
  • Importante fonte de cálcio – essencial à formação e desenvolvimento dos ossos e dentes – e de potássio, necessário ao funcionamento das células, nervos e músculos. É também uma fonte de ferro, embora em menor grau.

No entanto, nem todos os produtos alimentares que contêm farinha de alfarroba conservam estes benefícios, uma vez que muitos têm adição de outros ingredientes. Importa, por isso, prestar atenção à informação contida nos respetivos rótulos.

Alfarroba: uma aliada na dieta de diabéticos e celíacos

A riqueza da alfarroba em fibras permite integrá-la na alimentação de diabéticos, cuja dieta aconselha exatamente o aumento da ingestão de fibra para ajudar a controlar os fatores de risco, como a glicemia.

Adicionalmente, a alfarroba não contém cafeína nem qualquer outro estimulante e também não tem qualquer alérgeno, o que permite “adoçar” a dieta de hipertensos e crianças. Para os mais novos, por exemplo, a alfarroba em pó pode ser uma alternativa ao chocolate para o leite. Refira-se que a goma da alfarroba, utilizada como espessante, é até incluída em algumas fórmulas para o aleitamento de bebés.

Por último, o facto de não conter glúten torna-a numa opção para celíacos.

Inspire-se: receitas à base de alfarroba

Para descobrir, por si mesmo, o sabor e benefícios da alfarroba, deixamos-lhe quatro sugestões de receitas muito simples. Inspire-se e descubra este sabor tradicional do sul de Portugal.