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Áreas Protegidas

Paisagem Protegida: intervenção humana e natureza em harmonia

Uma Paisagem Protegida é um local que não existiria sem a intervenção humana e em que a obra criada se harmoniza com a natureza para criar ou reforçar valores que importa proteger. Descubra as Paisagens Protegidas de norte a sul de Portugal continental e quais os valores que se salientam em cada uma.

Uma Paisagem Protegida é uma zona que resulta “da interação harmoniosa do ser humano e da natureza”, na qual se evidenciam elementos de grande valor estético, ecológico ou cultural.

A definição é dada pela legislação que determina as várias categorias e tipologias de áreas protegidas, e que realça como objetivo desta classificação a proteção dos valores existentes, designadamente a conservação da biodiversidade no contexto da valorização da paisagem, a manutenção ou recuperação dos processos ecológicos que lhe estão associados e a promoção das iniciativas (produtos e serviços) que beneficiem as comunidades locais.

Uma Paisagem Protegida pode ter âmbito nacional, regional ou local e, no início de 2025, temos em Portugal continental um total de 14 Paisagens classificadas, das quais três têm âmbito nacional, seis regional e cinco local.

A maioria encontra-se em terrenos públicos, sob gestão do ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e das respetivas autarquias, embora haja exceções, com duas Paisagens Protegidas locais classificadas em terrenos privados.

A Paisagem Protegida é uma das tipologias abrangidas pela Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), que inclui também Parque Nacional, Parque Natural, Reserva Natural, Monumento Natural e Área Protegida Privada. Saiba mais sobre a RNAP e o que se destaca nas outras categorias abrangidas.

Mapa das 14 Paisagens Protegidas em Portugal continental em 2025

14 Paisagens Protegidas, de Paredes de Coura a Loulé

A maioria dos locais classificados como Paisagem Protegida em Portugal continental conta com Centros Interpretativos ou consta de Rotas Pedestres que apoiam o conhecimento sobre os seus valores cénicos, culturais, geológicos e históricos (ou mesmo pré-históricos), assim como a descoberta da sua importância ecológica.

Em alguns casos, contam ainda com estruturas de apoio ao turismo de natureza e promovem eventos – caminhadas, visitas guiadas, observação de espécies, entre outros – que permitem tirar maior partido de uma visita.

Antes de se pôr a caminho, fique a par dos valores que se destacam nestas 14 Paisagens Protegidas e conheça as estruturas de que dispõem para melhor planear a sua visita.

1. Paisagem Protegida Regional do Corno do Bico, em Paredes de Coura

Com montanhas de formas suaves e arredondadas, os 2,1 mil hectares da Paisagem Protegida mais a norte do território continental englobam planaltos escassamente arborizados, “enfeitados” por enormes penedos de granito, e encostas verdejantes, com bosques frondosos e campos agrícolas retalhados por muros e socalcos que parecem traçados a régua e esquadro.

Em resultado das arborizações efetuadas na primeira metade do século XX, pelos antigos Serviços Florestais, existe uma extensa mancha de carvalhos (Quercus spp.). Há também zonas de pinhal (Pinus spp.) e bosques ribeirinhos (ripícolas) de amieiro-ibérico (Alnus lusitanica) e freixo (Fraxinus angustifolia), que tornam mais verdes as margens dos cursos de água. E há ainda prados húmidos – os lameiros – e uma turfeira, onde o encharcamento mantém elevados níveis de matéria vegetal (turfa).

Quase 440 espécies da flora foram já identificadas nesta Paisagem Protegida, incluindo algumas que só existem na Península Ibérica (endemismos ibéricos). A fauna é igualmente diversa e além de numerosas espécies de aves, merece referência um mamífero cujo habitat tem beneficiado de projetos de conservação, na tentativa de aumentar as suas populações: o lobo-ibérico.

Pela diversidade de habitats e espécies, o Corno do Bico integrou também a Rede Natura 2000 como um Sítio de Importância Comunitária (PTCON0040).

Paisagem Protegida Regional do Corno do Bico, em Paredes de Coura

A Paisagem Protegida do Corno de Bico é apoiada pelo CEIA – Centro de Educação e Interpretação Ambiental, que promove atividades de educação ambiental e presta informações que ajudam a desfrutar ao máximo de uma visita. Situa-se em Chã de Lamas, freguesia de Vascões.

2. Paisagem Protegida Regional das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d’Arcos, em Ponte de Lima

Paisagem Protegida Regional das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d’Arcos, em Ponte de Lima

O conjunto de lagoas temporárias e permanentes desta Paisagem Protegida cobre 345,8 hectares de território, maioritariamente plano, que é atravessado por um afluente do rio Lima e envolto por colinas florestadas.

Nesta zona de antigas pastagens naturais e arrozais, as florestas, lagoas, zonas húmidas e agricultura proporcionam um mosaico de habitats onde estão identificadas 508 espécies de plantas, algumas raras ou ameaçadas. São elas que dão refúgio e alimento a uma fauna variada, que inclui nove espécies de peixes de água doce (enguia-europeia e lampreia-marinha, por exemplo), 11 de répteis, 13 de anfíbios, mais de 40 de mamíferos e de 144 aves. Destacam-se ainda as borboletas, com 166 espécies noturnas e 65 diurnas identificadas, algumas das quais de conservação local prioritária.

As lagoas estão também classificadas como Sítio Ramsar, uma convenção da UNESCO subscrita pelas autoridades portuguesas para a preservação de Zonas Húmidas de Interesse Internacional, e foram consideradas Sítio de Importância Comunitária da Rede Natura 2000.

A Paisagem protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d’Arcos conta com um Centro de Interpretação Ambiental e uma Quinta – Quinta de Pentieiros – que proporciona várias opções de alojamento próximo da natureza (entre as quais uma casa na árvore), atividades ecológicas e de aventura.

3. Paisagem Protegida Regional da Albufeira do Azibo, em Macedo de Cavaleiros

Integrada na bacia hidrográfica do rio Sabor, a Albufeira do Azibo foi criada para irrigação agrícola na década de 1970, mas as suas águas, margens lodosas e galerias florestais circundantes servem outros propósitos, incluindo o de refúgio e local de nidificação para as mais variadas espécies de aves – muitas delas aquáticas, como o mergulhão-de-crista, símbolo desta Paisagem Protegida.

Os seus mais de 3,2 mil hectares servem de habitat e dão alimento a muitas outras espécies, incluindo o cágado-mediterrânico, o lagarto-de-água, a lontra, o gato-bravo, a raposa e, mais ocasionalmente, o lobo. Vários destes mamíferos abrigam-se nas margens e bosques adjacentes à albufeira, onde existe um dos mais bem conservados sobreirais transmontanos. Carvalhos e castanheiros coabitam com oliveiras, vinhas, sobreiros, matos e lameiros, num mosaico onde se destacam também as orquídeas espontâneas.

Nesta paisagem moldada pela atividade humana, com a albufeira enfeitada pela Ilha do Fidalgo, o verão é a época mais concorrida, graças ao apelo das praias fluviais da Ribeira e da Fraga da Pegada. A albufeira localiza-se a poucos quilómetros de Macedo-de-Cavaleiros e pode inclusive visitar-se a pé, partindo da cidade, pela pequena rota Corredor de Vale de Prados.

Paisagem Protegida Regional da Albufeira do Azibo, em Macedo de Cavaleiros

Esta paisagem é apoiada por um Núcleo Central, uma espécie de centro interpretativo, que acolhe a Sala Museu de Arqueologia. Uma estrutura do INATEL assegura atividades desportivas (incluindo náuticas). Em torno da albufeira existem observatórios de avifauna.

4. Paisagem Protegida Regional do Litoral de Vila do Conde e Reserva Ornitológica de Mindelo

Paisagem Protegida Regional do Litoral de Vila do Conde

Com perto de 380 hectares entre a foz do rio Ave e a margem direita do rio Onda (no limite de Matosinhos), esta Paisagem Protegida está integrada no Parque Natural do Litoral Norte e, entre a Barrinha de Esmoriz e o litoral de Esposende, tem a única área costeira minimamente preservada da costa noroeste.

Na faixa mais próxima do mar destacam-se cordões dunares e rochedos litorais, seguidos por zonas húmidas, bouças (terrenos incultos) e áreas agrícolas. Este mosaico de paisagens, que inclui o estuário do Ave, zonas de praia, sapal e floresta é particularmente importante para a avifauna. Em parte deste território existiu, em tempos, a primeira Reserva portuguesa – a Reserva Ornitológica do Mindelo – que faz agora parte desta Paisagem Protegida e Parque Natural. Mais de 80 espécies de aves estão aqui identificadas, muitas migradoras e várias aquáticas. 57 têm um estatuto de conservação.

Na vegetação salientam-se plantas que só existem no cordão dunar desta região (endemismos lusitanos), incluindo algumas raras e “Em Perigo”, de que é exemplo a Coincya johnstonii.

Esta paisagem é apoiada pelo Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental (com a coordenação científico-técnica do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental – CIIMAR, da Universidade do Porto) que contribui para o desenvolvimento de ações de sensibilização e educação ambiental, e pelo Centro de Interpretação do Castro de S. Paio, junto à praia do Castro de S. Paio, que também dá a conhecer atividades tradicionais da Idade do Ferro deste povoado.

5. Paisagem Protegida Regional do Parque das Serras do Porto, em Gondomar, Paredes e Valongo

Este refúgio de biodiversidade, localizado na periferia do Porto – municípios de Gondomar, Paredes e Valongo –, alia conservação com atividades que promovem o turismo sustentável e o envolvimento da população. Os seus cerca de 6 mil hectares estendem-se por seis serras – Santa Justa, Pias, Castiçal, Santa Iria, Flores e Banjas – por onde serpenteiam as águas dos rios Ferreira e Sousa, formando vales verdejantes de grande beleza cénica.

Estas Serras do Porto guardam segredos geológicos únicos: rochas e fósseis da Era Paleozoica (entre há 541 e 252 milhões de anos), quando surgiram os primeiros animais com conchas ou exoesqueletos e, mais tarde, os anfíbios e répteis. Os vestígios arqueológicos são igualmente relevantes, embora muito mais recentes na grande escala do tempo: contam a história do maior complexo de mineração subterrânea de ouro do Império Romano. É nos recantos destas minas que encontra abrigo a “Vulnerável” salamandra-lusitana, especialmente relevante na região e símbolo do Parque.

Vários outros endemismos vivem nestas serras, onde coexistem plantações florestais economicamente relevantes – floresta de eucalipto (Eucalyptus globulus) e pinheiro-bravo (Pinus pinaster) – com carvalhais, galerias ribeirinhas de amieiro (Alnus spp.), salgueiro-preto (Salix atrocinerea) e freixo (Fraxinus spp.), matagais de giesta, medronheiro (Arbutus unedo) e pilriteiro (Crataegus monogyna). Na zona das Banjas, encontram-se várias espécies aromáticas, como o rosmaninho e o tomilho, e próximo da Senhora do Salto (na foto) destaca-se um bosque de loureiro (Laurus nobilis).

Paisagem Protegida Regional do Parque das Serras do Porto

O Parque das Serras do Porto conta com várias áreas de receção, que são, em simultâneo, espaços de divulgação deste território e do seu património. Pode encontrá-las, por exemplo, em Santa Justa (Valongo), Senhora do Salto (Paredes) e Sobreira (Paredes).

6. Paisagem Protegida da Serra do Açor, em Arganil

Com cerca de 373,4 hectares, a Paisagem Protegida da Serra do Açor tem âmbito nacional e alberga duas áreas de particular interesse: a Reserva Natural Parcial da Mata da Margaraça e a Reserva de Recreio da Fraga da Pena.

Paisagem Protegida da Serra do Açor, em Arganil

A primeira é um testemunho da floresta antiga – Laurissilva – que antes da última glaciação teria coberto as encostas xistosas destas zonas montanhosas, enquanto a segunda tem como ponto de visita obrigatório uma cascata com várias quedas de água (cerca de 20 metros de altura), que formam piscinas naturais envoltas por frondosa e, por vezes rara, vegetação.

Nesta Paisagem Protegida não faltam espécies como os carvalhos (Quercus spp.), castanheiros (Castanea sativa), medronheiros e azereiros (Prunus lusitanica) – a que também chamam loureiro-de-Portugal. Os azereirais que ali subsistem são considerados o maior núcleo desta espécie “Quase Ameaçada” na Península ibérica.

Saiba o que descobrir e desfrutar nesta floresta relíquia da Mata da Margaraça e na sua queda de água, originada por num acidente geológico ocorrido num passado longínquo.

Em 2023, o município de Arganil anunciou um projeto e reabilitação das estruturas existentes nesta Paisagem Protegida (Casa Grande, Casa da Eira e Casa da Fraga da Pena). A ideia é acolherem o Centro de Interpretação e novas estruturas de dinamização de atividades de campo e visitas guiadas.

7. Paisagem Protegida Regional da Serra da Gardunha, no Fundão e Castelo Branco

A Serra da Gardunha é uma ramificação da Serra da Estrela e esta Paisagem Protegida abrange cerca de 10,5 mil hectares de dois dos concelhos deste Maciço Central. É uma área de grande diversidade biológica, em muito relacionada com a geomorfologia e o tipo de composição rochosa (litologia) deste território, onde se destacam cinco afloramentos graníticos de elevado valor geológico (perto de Castelo Velho).

Embora a paisagem serrana revele grande intervenção humana, com extensas áreas plantadas de cerejais e pinheiros, mantém formações seminaturais e naturais que conservam importantes habitats, a exemplo dos charcos temporários mediterrânicos e das florestas aluviais residuais de amieiro e freixo.

Na vertente norte da Serra, salientam-se os castinçais (mata de castanheiros geridos para a produção de madeira e não de castanha) e carvalhais com a presença da abrótea (Asphodelus bento-rainhae subsp. bento-rainhae), uma planta única da Gardunha (endemismo), muito rara e em “Em Perigo”. Na encosta sul, predomina vegetação mais baixa, com matos de urzes e comunidades de caldoneira (Echinospartum ibericum), outro raro endemismo (ibérico), que cresce em poucas montanhas portuguesas.

Na fauna, este mosaico de paisagens acolhe várias espécies com estatuto de proteção e endemismos ibéricos, desde peixes de água doce, como a boga-comum e o bordalo, a anfíbios e repteis, como salamandra-lusitânica e o lagarto-de-água. Águia-calçada e tartaranhão-caçador são exemplos das rapinas que sobrevoam a serra.

Paisagem Protegida Regional da Serra da Gardunha

Visite o Centro do Visitante de Alpedrinha (Palácio do Picadeiro) para saber mais sobre o concelho do Fundão e desfrute da vista panorâmica da sua varanda.

8. Paisagem Protegida da Serra de Montejunto, no Cadaval e em Alenquer

Paisagem Protegida da Serra de Montejunto, Cadaval e Alenquer

Numa região com intensa atividade humana – áreas urbanas, floresta, vinha, frutos frescos e campos de cereais –, os perto de 4,9 mil hectares desta Paisagem Protegida nacional destacam-se pela abrupta elevação que a Serra de Montejunto, com mais de 660 metros de altura, traz a uma paisagem pouco acidentada, entre o litoral e o vale do rio Tejo.

Esta barreira natural, situada no extremo sudoeste do maciço estremenho, é composta por escarpas, plataformas e lajes calcárias, recortadas por fendas e cascalheiras instáveis onde poucas plantas se conseguem fixar. Nas clareiras, salienta-se vegetação natural tipicamente mediterrânica, com predomínio da azinheira (Quercus rotundifolia) e do carrasco. Estas quercíneas convivem com matos e arrelvados ricos em flores – onde se salientam as orquídeas –, prados de suculentas e bosques de loureiro onde o medronheiro também marca presença.

Por aqui vivem 32 espécies de mamíferos – da raposa à geneta, passando por inúmeros morcegos -, 15 espécies de répteis, 11 de anfíbios e mais de 50 de aves, a exemplo da maior rapina noturna portuguesa, o bufo-real.

Nesta Paisagem Natural a ocupação humana remonta ao Neolítico, sendo visíveis vestígios arqueológicos (grutas necrópole) e povoados fortificados (castros). Muito mais recente, de meados do século XVIII, é a Real Fábrica do Gelo, instalada para fornecer “neve” a Lisboa num tempo em que não existia refrigeração elétrica (classificada como Monumento Nacional).

Para saber mais e planear uma visita a esta Paisagem Protegida, que está integrada no Geoarque Oeste, consulte o site deste Geoparque ou passe pelo Centro de Interpretação Ambiental da Serra de Montejunto, que está localizado no cimo da Serra – na Quinta da Serra, na antiga Casa do Guarda Florestal.

9. Paisagem Protegida Local das Serras do Socorro e Archeira, em Torres Vedras

Composta pelas Serras do Socorro e da Archeira, da Galharda e do Monte Deixo, esta Paisagem Protegida estende-se por quase 1,2 mil hectares e destaca-se da paisagem envolvente pelas suas elevações, pontuadas por moinhos de vento (antigos e novos) e por vestígios das fortificações das chamadas Linhas de Torres, um extenso sistema defensivo que impediu o avanço das tropas napoleónicas para Lisboa, em 1810.

Esta Paisagem Protegida conta com cercais ou matas de carvalho-cerquinho (Quercus faginea), matagais, campos agrícolas, plantações florestais e vegetação ribeirinha, onde são frequentes as orquídeas. Na fauna, observam-se muitas dezenas de aves, desde os pequenos pintassilgos à atrevida gralha-preta, assim como inúmeras espécies de borboletas, na maioria diurnas. Entre os mamíferos, destacam-se colónias de coelho-bravo, espécie nativa de Portugal, Espanha e partes de França cujas populações têm vindo a diminuir.

Na Serra da Archeira é ainda possível observar fósseis do Cretácico Superior, que indicam a presença de espécies marinhas, enquanto na povoação da Cadriceira encontra-se um enorme segmento de tronco fossilizado de araucária, datado do Jurássico Superior.

Saiba como as Serras do Socorro e Archeira se tornaram num Paisagem Protegida Local e como têm conciliado os seus valores naturais, históricos e socioeconómicos.

Paisagem Protegida Local das Serras do Socorro e Archeira, em Torres Vedras

A Paisagem Protegida Local das Serras do Socorro e Archeira está integrada no Geoparque do Oeste e dispõe de um Centro Interpretativo que desenvolve várias iniciativas educativas, percursos botânicos e outras ações de contacto com a natureza.

10 e 11. Paisagens Protegidas Locais do Açude da Agolada e do Açude do Monte da Barca, em Coruche

Num dos afluentes da ribeira da Agolada, em Coruche, situa-se o Açude da Agolada, inicialmente criado para irrigação agrícola. Com mais de 220 hectares e um quilómetro de comprimento, este açude localiza-se em propriedade privada – na Herdade da Agolada de Baixo –, o que não impediu a sua classificação como Paisagem Protegida Local numa área superior a 260 hectares.

Dois açudes são Paisagens Protegidas Locais em Coruche

Embora as visitas devam ser autorizadas, esta zona húmida convida a atividades na natureza, incluindo a observação de aves. Na flora, em torno do lago destaca-se vegetação frondosa, principalmente montado de sobro e pinheiro-manso, enquanto na fauna (e para além das aves) são de referir várias espécies de peixes, répteis e mamíferos como a geneta, a lebre, o morcego-hortelão-escuro e o toirão.

Não muito longe, fica a Paisagem Protegida Local do Açude do Monte da Barca, cuja albufeira se alonga por 2,5 quilómetros de comprido. Tal como a anterior, também foi inicialmente criada para armazenamento de água destinada à rega na agricultura, mas as condições locais e a beleza da paisagem acabaram por fazer deste lago um local de recreio.

Esta Paisagem Protegida, também localizada em propriedade privada, tem uma área total de 867,8 hectares e as envolventes do açude são dominadas por montado de sobro, com manchas de pinheiro-manso e pinheiro-bravo.

A classificação destes dois açudes, que em anos mais secos veem reduzir a sua dimensão, foi feita por iniciativa da Câmara Municipal de Coruche, que pretendeu, sobretudo, salvaguardá-los de potenciais fatores de degradação, proteger e valorizar a paisagem e preservar os habitats e espécies ali presentes.

12. Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, em Almada e Sesimbra

Com mais de 1,5 mil hectares, esta Paisagem Protegida de âmbito nacional engloba cerca de 13 quilómetros de orla litoral, desde a zona urbanizada da Costa da Caparica (concelho de Almada) até à Lagoa de Albufeira (concelho de Sesimbra), abarcando falésia, areal, dunas e matas, incluindo a Mata dos Medos.

A proteção desta zona deveu-se, sobretudo, ao interesse geológico, geomorfológico e paisagístico da arriba que, apesar de já não estar em contacto com mar (tendo deixado de ser uma arriba no sentido literal, devido ao recuo das águas) é considerada uma arriba fóssil e continua a apresentar-se como uma imponente “parede natural”, com vários extratos de rocha, nomeadamente arenitos e argilas de vários tons amarelados.

No topo desta parede rochosa, já na zona da Fonte da Telha, salienta-se a Mata dos Medos, que se estende por uma faixa de cinco quilómetros. Classificada como Reserva Botânica, esta mata foi mandada semear pelo Rei D. João V (na primeira metade do século XVIII), para proteger os campos agrícolas da invasão das dunas (também chamados de medos – pronuncia-se médus).

Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica

Apesar da pressão urbanística, o verde desta mata mantém-se e continua a dar guarida a muitas das espécies características do ecossistema de pinhal. Por entre pinheiros-mansos (Pinus-pinea) retorcidos pelo vento, a sabina-da-praia (Juniperus turbinata) de porte arbóreo chama a atenção. Na fauna estão identificadas perto de 170 espécies, com destaque para mais de 100 aves.

Para saber mais sobre esta Paisagem Protegida é possível visitar o Centro de Interpretação da Mata dos Medos (perto Fonte da Telha), onde existe também informação sobre os percursos pedestres que permitem descobrir a Mata.

13. Paisagem Protegida Local da Rocha da Pena, em Loulé

Paisagem Protegida Local da Rocha da Pena, Loulé

Com 671,8 hectares, a Paisagem Protegida Local da Rocha da Pena situa-se na transição entre o Barrocal e a serra do Caldeirão, em Salir e Benafim, e a sua classificação pretende exatamente conservar os valores do barrocal, uma paisagem caracterizada por elevações calcárias irregulares, que têm literalmente na Rocha da Pena um dos seus pontos altos.

A Rocha da Pena é uma formação rochosa, calcária, em forma de cornija escarpada, que se eleva a 50 metros (com o ponto mais alto a 479 metros de altitude) e forma um planalto com cerca de dois quilómetros de comprimento.

Com a altitude a favorecer condições climáticas distintas (microclimas) e a lenta erosão da rocha a originar fendas e grutas, a Rocha da Pena abriga mais de 500 espécies de plantas, entre as quais algumas que só existem em Portugal (endemismos lusitanos), como o narciso-calcícola (Narcissus calcicola) e a palmeira-anã (Chamaerops humilis), a única palmeira que nasce espontaneamente no nosso país.

Na fauna estão identificadas 122 espécies de aves e inúmeros anfíbios e répteis, como a salamandra-de-costelas-salientes (que pode crescer até aos 20 centímetros) e a cobra-de-ferradura (que pode chegar aos 1,8 metros de comprimento total). Há ainda pequenos mamíferos – sacarrabos, raposas e genetas, entre outros –, assim como apelativos insetos, de que são exemplo a borboleta-zebra e a libélula imperador-azul.

É possível subir ao planalto e Miradouro da Rocha da Pena caminhando pela Pequena Rota PR18 LLE, um percurso pedestre circular de 6,7 quilómetros, que se encontra assinalado. O local é também um atrativo para a escalada.

14. Paisagem Protegida Local da Fonte Benémola, em Loulé

No limite do Barrocal algarvio, a Paisagem Protegida Local da Fonte Benémola abarca cerca de 406 hectares que são atravessados pela ribeira da Menalva, um curso de água abastecido por várias nascentes, entre as quais a Fonte Benémola.

Este curso de água permite manter verdes as suas margens, onde não faltam espécies de árvores típicas da vegetação ribeirinha, como o freixo, os salgueiros, choupos e folhado (Viburnum tinus). Estas galerias verdejantes contrastam com a paisagem mais seca e rochosa do Barrocal e com a sua vegetação mediterrânica, pontuada por medronheiro, carrasco, alfarrobeira (Ceratonia siliqua) e zambujeiro ou oliveira-brava (Olea europea var. sylvestris).

A vegetação e a presença de água atraem várias espécies de aves, da garça-real à galinha-d’água, assim como répteis e anfíbios, como por exemplo o cágado-de-carapaça-estriada.

As águas que por ali correm foram, em tempos, transportadas por moinhos e levadas, que permitiam regar as hortas em redor. Parte deste antigo sistema hidráulico foi recuperado, guiando a ribeira por novos e renovados açudes. Nos anos mais chuvosos, o caudal ganha força, formando pequenas quedas de água e lagoas de águas límpidas que convidam a banhos.

Paisagem Protegida Local da Fonte Benémola, em Loulé

Descubra a Fonte Benémola e o Percurso Pedestre (de 4,2 quilómetros) que permite passear por esta Paisagem.