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Jardins botânicos portugueses para viajar mundo fora

Para conhecer e admirar a beleza e variedade das plantas e árvores que existem pelo mundo não é preciso passaporte. Basta viajar por um dos jardins botânicos portugueses. Comece a descobri-los neste artigo e conheça a sua importância no conhecimento, catalogação e conservação da diversidade de espécies de flora – algumas delas raras.

Árvores, arbustos e outras plantas vindas das mais diversas partes do mundo, concentrados em jardins de invulgar beleza e diversidade. Poderíamos descrever assim vários jardins botânicos em Portugal.

Globalmente, os jardins e o cultivo de plantas remontam de há três mil anos e a civilizações antigas – Egito e Mesopotâmia –, mas só no século XVI, em Itália, foram criados os primeiros jardins botânicos com objetivos científicos. Hoje, estima-se que existam pelo menos 1775 jardins botânicos e arboretos espalhados por 148 países do mundo, segundo dados do Botanical Gardens Conservation International.

Os multifacetados jardins botânicos enriquecem as cidades e são responsáveis pela conservação de espécies, muitas delas em risco de extinção, tanto in situ (no seu ambiente natural) como ex situ (em estufa, viveiro e bancos de sementes, por exemplo). Além do esforço na conservação, os jardins botânicos são importantes para se analisar as origens das plantas, traçar a sua genealogia e compreender de que forma evoluíram.

Exemplo disto é um estudo publicado no ano passado pela revista científica Nature Plants, em que se seguiu o rasto a 36 espécies de plantas endémicas da Europa, anteriormente consideradas extintas. Através do esforço de cientistas europeus, 17 delas foram “reencontradas”, por revisões taxonómicas. Algumas estavam preservadas em jardins botânicos pelo mundo.

É o caso da espécie Armeria arcuata, uma pequena planta com flores rosas, endémica do litoral sudoeste de Portugal, que se considerava extinta desde o final do século XIX e que, afinal, se encontra no Jardim Botânico da Universidade de Utrecht, na Holanda.

Os jardins botânicos contribuem ainda para outras áreas do saber, como a fitoterapia ou medicina herbal, em que as plantas são usadas para fins medicinais; a etnobotânica, em que se estuda o papel das plantas na cultura de determinado povo; e a etnofarmacologia, que recupera o conhecimento sobre a medicina popular ou tradicional dos povos, muito relacionada com o uso de plantas.

Além da importância destes jardins para a biodiversidade e da sua inegável contribuição para a botânica e a sua história no mundo, vale a pena visitá-los também pela beleza e tranquilidade que proporcionam, interrompendo com a sua refrescante mancha verde a paisagem urbana.

Aceite o convite e comece a viagem por cinco jardins botânicos de Portugal continental, todos eles integrados em Universidades.

Jardim Botânico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

São várias as razões para visitar o Jardim Botânico Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro: este é um dos maiores jardins botânicos da Europa e pode visitá-lo com a tecnologia bem à mão, utilizando a ferramenta Explorador Móvel. Explicamos-lhe tudo.

Estávamos em 1988 quando o Jardim Botânico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro abriu as suas portas ao público, já a universidade contava com 15 anos de história – foi fundada em 1973, nessa altura como Instituto Politécnico de Vila Real. Todos os recantos do espaço universitário são perfeitos para albergar vegetação e para uma vista panorâmica da cidade de Vila Real, já que o jardim se encontra a 500 metros de altitude. Espaço dinâmico, é também rico em atividades, promovidas durante todo o ano, sejam eles estágios de formação, programas de voluntariado ou projetos dedicados aos jardins-escola.

Com mais de 2500 espécies catalogadas, mil espécies presentes no jardim e 16 coleções temáticas, o Jardim Botânico da UTAD, classificado como bem de interesse municipal em 2019, inclui na sua extensão terrenos integrados na Reserva Ecológica Nacional e na Rede Natura 2000, próximos ao Rio Corgo.

Jardim Botânico UTAD

Estão disponíveis visitas guiadas por técnicos especializados da Cooperativa Rupestris, sujeitas a marcação através do site do Jardim Botânico da UTAD, mas pode optar por fazer uma visita ao seu próprio ritmo. Se assim escolher, saiba que nunca vai estar sozinho: as espécies têm uma placa de identificação com um código QR que lhe permite, rápida e gratuitamente, conhecer mais informações através do seu telemóvel – é a esta ferramenta a que o jardim chama de Explorador Móvel.

Jardim Botânico Universidade de Trás-dos-Montes

Além desta utilização, o telemóvel poderá também ser peça-chave para contextualizar os visitantes nas rotas temáticas do Jardim Botânico da UTAD, que dispõe de realidade aumentada, conteúdos em vídeo e de áudio, além de fornecer as coordenadas GPS para as várias coleções temáticas. A aplicação necessita de um navegador específico para correr no aparelho móvel, que está disponível para download no site.

Dos cerca de 120 hectares do Jardim Botânico da UTAD, 30 estão reservados à utilização agrícola, para ensaios dos departamentos das Ciências Agrárias da universidade; outros 10 hectares são ocupados por matas de castanheiros, carvalhos autóctones, pinheiros e eucaliptos. Muito do espaço é ocupado pelas 16 coleções aqui presentes. Reserve, portanto, tempo para conhecê-las: Plantas Arcaicas, Aromáticas e Medicinais, Fruteiras Silvestres, Plantas de Cobertura, Resinosas Ornamentais, Mediterrânicas Calcícolas, Mediterrânicas Silicícolas, Mortórios do Douro, Coleção Florestal, Ericáceas, Cistáceas e Leguminosas, Mirtáceas, Vitáceas e Fagáceas. Destacamos algumas destas coleções:

Mortórios do Douro

Nesta coleção temática, dedicada aos mortórios do Douro (ruínas de socalcos, abandonados normalmente por causa da filoxera da vinha e que não voltaram a ser replantados), protegidos por lei, pode conhecer a diversidade florística do vale do Rio Corgo, um dos mais representativos vales durienses. A cobertura vegetal das encostas durienses é fruto de um processo erosivo que se estendeu por mais de dois milhões de anos, e também das variações termopluviométricas (da temperatura e chuvas), que promovem a coexistência de vários tipos de flora e vegetação. Espécies como o medronheiro (Arbutus unedo), o folhado (Viburnum tinus), a cornalheira (Pistacia terebinthus) ou o lentisco-bastardo (Phillyrea angustifolia) encontraram nesta região condições ótimas para prosperar, mas também carvalhos (sobreiro – Quercus suber, azinheira – Q. rotundifolia, carvalho-alvarinho – Q. robur, carvalho-cerquinho ou carvalho-português – Q. faginea, Quercus x coutinhoi e Quercus x henriquesii) e endemismos exclusivos da zona do Douro, tais como a Digitalis amandiana e a Trigonella amandiana.

 

Mediterrânicas Silicícolas

A zona norte do país encontra-se sobre rocha de origem vulcânica, o que dá origem a solos mais ácidos. Um destes tipos de solos de origem vulcânica são os siliciosos, nos quais crescem as espécies silicícolas. Assim, neste convidativo bosque podemos encontrar espécies típicas do Norte do país: carvalho-alvarinho (Quercus robur), carvalho-negral (Quercus pyrenaica), sobreiro (Quercus suber), azinheira (Quercus rotundifolia) e ainda arbustos como tojo (Ulex spp.), urze (Erica spp.), esteva (Cistus spp.), medronheiro (Arbutus unedo), giesta (Cytisus spp.), carqueja (Pterospartum tridentatum) ou sargaço (Halimium lasianthum).

 

Coleção Florestal

Pode conhecer as espécies florestais desta coleção fazendo os percursos pedonais especialmente criados pelo Jardim Botânico da UTAD. No passeio vai identificar dezenas de espécies de Gimnospérmicas e Angiospérmicas, provenientes de todo o mundo: sequoias americanas e asiáticas, zimbros e sabinas, carvalhos e faias.

O Jardim Botânico da UTAD, nomeadamente a Escola das Ciências da Vida e do Ambiente (ECVA), dedica-se ainda à investigação da flora mediterrânica, à caraterização e monitorização da biodiversidade em duas áreas: Biogeografia e Conservação e divulgação. Destas análises advêm informações que enriquecem estudos noutros temas, como a conservação, ecologia, fisiologia ou agronomia. Um jardim em constante desenvolvimento é a proposta incontornável deste roteiro.

Saiba aqui mais sobre este Jardim.

Horário: aberto todos os dias exceto domingos, das 09h00-18h00.

Fotos gentilmente cedidas pelo Prof. João Soares Carrola.

Jardim Botânico da Universidade do Porto

De quinta de família nos arredores da cidade a jardim botânico no coração da cidade do Porto: o Jardim Botânico Gonçalo Sampaio reúne 400 espécies de plantas e a sua manutenção exímia foi premiada.

O Jardim Botânico da Universidade do Porto, também conhecido por Jardim Botânico Gonçalo Sampaio, nasceu em 1951, na Quinta do Porto Alegre, na altura, uma quinta familiar. Da área inicial restaram 4 hectares com os jardins originais da quinta e parte dos campos de cultivo e mata, nos quais foram instalados os jardins de plantas suculentas e aquáticas e o arboreto.

Atualmente, o jardim botânico pertence ao Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) e situa-se no centro da cidade, assumindo-se como um “pulmão verde” com mais de quatro hectares de extensão, incluindo áreas de lagos com plantas aquáticas.

Jardim Botânico do Porto

O jardim conta com cerca de 400 espécies, entre as quais uma importante coleção de gimnospérmicas (grupo de plantas sem fruto em que a semente se encontra desprotegida) que inclui a ginkgo (Ginkgo biloba) e a sequoia (Sequoia sempervirens) entre outras. Além destas, podem ser encontradas faias (Fagus sylvatica), carvalhos-robles (Quercus robur), cerejeiras-bravas (Prunus avium), tulipeiros (género Liriodendron) e magnólias (género Magnolia) e um bosquete de liquidâmbar (Liquidambar styraciflua).

Jardim Botânico Porto

Ao passear pelo Jardim Botânico da Universidade do Porto, destacam-se as sebes de mais de três metros de altura de cameleiras (cultivares de Camellia japonica e de Camellia reticulata), a maioria do final do século XIX. A coleção do jardim inclui 750 cultivares (melhoradas geneticamente) que mereceram, em 2020, a distinção International Garden of Excelence, atribuído pela International Camellia Society.

Estra riqueza paisagística e florística serviu, aliás, de inspiração a escritores, como Sophia de Mello Breyner Andresen e Rúben Andresen Leitão. Também por isso, ciência e arte convivem em harmonia neste jardim.

Em 2021, o Jardim Botânico do Porto foi um dos cinco jardins e parques portugueses a receber um Green Flag Award, que destaca a boa gestão e manutenção de parques e jardins públicos de todo o mundo, atribuído anualmente pela Organização Não Governamental Keep Britain Tidy, sob a alçada do Ministério da Habitação, Comunidades e Governo Local do Reino Unido. Distinguido pelo terceiro ano consecutivo, o Jardim Botânico do Porto está organizado em três patamares, oferecendo diversas experiências no seu interior:

Galeria da Biodiversidade

No primeiro patamar encontra o museu que interliga arte, ciência e história natural na Casa Andresen e os jardins formais, separados pelas altas sebes de camélias centenárias.

 

Jardim de plantas xerófitas

Mais abaixo, no segundo patamar situa-se o jardim de plantas típicas de ambientes quentes e secos (xerófitas) com diversos catos e plantas suculentas e três estufas: de catos, tropical e de orquídeas.

 

Arboreto

No terceiro patamar, ocupando metade do jardim, encontra o arboreto com várias plantas nativas, o fetário e o maior lago do jardim.

Conheça aqui o programa educativo e cultural do Jardim Botânico do Porto e saiba mais aqui sobre o próprio Jardim.

Horário: aberto todos os dias, das 09h00-19h00, exceto 1 de janeiro e 25 de dezembro.

Jardim Botânico da Universidade de Coimbra

A Universidade de Coimbra foi considerada, em 2013, Património da Humanidade da UNESCO pelo seu extraordinário valor universal. O seu Jardim Botânico, fundado em 1772, partilha dessa riqueza histórica.

O Jardim Botânico da Universidade de Coimbra goza de uma localização privilegiada, na zona Alta de Coimbra. Os seus mais de 13 hectares, distribuídos por patamares e divididos em duas zonas – uma zona de mata e outra de jardim clássico (nove e quatro hectares, respetivamente) – foram, em grande parte, doados por frades beneditinos. Criado em 1772 por iniciativa do Marquês de Pombal com o objetivo de complementar o estudo da História Natural e da Medicina na Universidade de Coimbra, funciona atualmente como unidade de extensão cultural e de apoio à formação da Universidade.

Jardim Botânico de Coimbra

O Jardim Botânico da Universidade de Coimbra nasceu em pleno século XVIII, numa época em que as ciências e medicina estavam em franco desenvolvimento e era necessário alicerçar o conhecimento dos alunos de História Natural. Como acontece a muitos outros que integram Universidades ou Institutos Superiores, este jardim ainda hoje serve de apoio às escolas em que se estuda Botânica, como é o caso da Escola Médica, com as suas plantas aromáticas e medicinais, organizadas por família, que constituem uma reserva para o banco de sementes do jardim.

A história rica da Universidade de Coimbra, a mais antiga do país (fundada em 1290 e instalada definitivamente na cidade em 1537), interlaça-se com a do Jardim Botânico, onde se podem encontrar mais de 1500 espécies de plantas. Um dos seus primeiros responsáveis foi o naturalista e botânico Avelar Brotero. Este investigador português, que deu início à primeira escola prática de Botânica e publicou a primeira Flora Lusitana (1804), entre muitos outros trabalhos, reestruturou o jardim e organizou-o como jardim botânico.

Em 1854 arranca a construção da estufa, um dos mais antigos edifícios de arquitetura de ferro em Portugal. Foi alvo de requalificação e reabriu em 2018, albergando plantas tropicais e subtropicais. O património biológico do jardim começa a ser conhecido na Europa em 1868, ano em que é publicado o Index Seminum, o catálogo anual de sementes para troca com instituições similares. Em meados do século XX, é construída a estufa fria e é feita uma remodelação do jardim botânico, acrescentando a fonte no Quadrado Central, a zona do típico jardim neoclássico com canteiros geométricos e melhorando-se a acessibilidade, com a adição de bancos e caminhos entre secções do jardim e da mata.

Jardim Botânico Coimbra

São vários os espaços em que se pode observar a flora que enriquece o jardim. Na parte mais alta fica o chamado Jardim clássico com uma fonte, canteiros e sebes de espécies variadas, um Recanto tropical, as Escolas de Sistemática onde as plantas se encontram organizadas por canteiros de acordo com a família a que pertencem, a Alameda das Tílias e as Estufas.

A Mata – ou arboreto – ocupa cerca de 2/3 da área do jardim e alberga árvores e arbustos vindos de todo o mundo que crescem livremente. Aqui pode encontrar, além da estufa fria, vestígios da cidade muralhada, o primeiro depósito de agua da cidade e várias coleções, com destaque para o pomar, as cerca de 50 de espécies de eucaliptos, e o bambuzal, mata de bambus da espécie Phyllostachys bambusoides introduzidos no jardim em 1852 e que ocupam um hectare da área.

Descubra três zonas de grande beleza e valor botânico:

Estufa tropical ou estufa grande e estufa fria

A estufa tropical é casa de plantas tropicais e subtropicais desde 1865. Nas suas três secções encontram-se orquídeas, plantas carnívoras, árvores tropicais e fetos.

Na estufa fria, construída na década de 1950, a flora adaptada a ambientes húmidos e sombrios encontra abrigo. A cascata mural e o riacho que atravessa a estufa contribuem para manter a humidade essencial.

 

Recanto Tropical

Vale a pena demorar-se por aqui. O ambiente quente, alimentado pela ótima exposição solar, é perfeito para palmeiras de diferentes espécies (ao todo, 27 espécies) e ainda estrelícias arbóreas (Strelitzia nicolai). É aqui que se encontra a única palmeira portuguesa, a Chamaerops humilis ssp. humilis, também conhecida por palmeira-anã ou palmeira-das-vassouras e que se pode encontrar no Algarve.

 

Alameda das Tílias

Esta é, provavelmente, a zona mais representativa deste jardim. As tílias (Tilia x europaea) convidam a uma visita nas diferentes estações do ano pelas suas mudanças sazonais e são especialmente fragrantes entre maio e junho, na época da floração.

Saiba mais aqui sobre este Jardim.

Horário: verão (1 abril a 30 setembro) das 9h00-20h00; inverno (1 outubro a 31 março)
das 9h00-17h30. Encerra a 1 de janeiro e 25 de dezembro, dias do Cortejo da Latada e da Queima das Fitas.

Jardim Botânico de Lisboa do Museu Nacional de História Natural

Com 150 anos de história e quatro hectares de extensão, este jardim botânico integrado no Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, “guarda” cerca de 1500 espécies, muitas delas raras a nível mundial.

Em 1909, o botânico suíço Robert Hippolyte Chodat, então diretor do instituto botânico da Universidade de Génova, descrevia o Jardim Botânico de Lisboa como “uma das maravilhas do Sul da Europa. Não há retiro algum em Lisboa que se lhe possa comparar”.

O Jardim Botânico de Lisboa é um jardim científico de inspiração romântica, começado a plantar em 1873 na antiga cerca do Colégio Real dos Nobres. A escolha do local não foi mero acaso. O Monte Olivete, no Príncipe Real, tinha uma tradição no estudo de botânica desde 1600 com o colégio jesuíta da Cotovia. Foi projetado em meados do século XIX para complemento do ensino e investigação da botânica (que se fazia inicialmente no Jardim Botânico da Ajuda) da Escola Politécnica, hoje extinta. Foi inaugurado em 1878, estando aberto ao público desde essa data.

Jardim Botânico de Lisboa

Os primeiros jardineiros, o alemão Edmund Goeze e o francês Jules Daveau, planearam as áreas do jardim e selecionaram plantas vindas de territórios além-fronteiras, que se adaptaram aos diferentes microclimas existentes na área, resultado da topografia da zona. O primeiro catálogo de sementes do jardim foi publicado em 1878, no final do século XIX foram introduzidas plantas ornamentais e nas décadas de 30 e 40 do século XX o jardim botânico sofreu uma grande intervenção, passando as espécies a ficar agrupadas em conjuntos ecológicos.

Jardim Botânico Lisboa

Hoje, podem observar-se cerca de 1500 espécies vegetais, algumas raras e ameaçadas de extinção, sendo o jardim botânico rico em espécies tropicais originárias da Nova Zelândia, Austrália, China, Japão e América do Sul.

Algumas das espécies mais notáveis são as variadas palmeiras que se encontram espalhadas em grupos pelo jardim, a coleção de cicadáceas, plantas do tempo dos grandes dinossauros e que são hoje fósseis vivos ou a árvore-do-imperador (Chrysophyllum Imperiale), uma planta originária da mata atlântica e que se encontra em perigo de extinção segundo dados da Lista Vermelha do IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza.

O Jardim Botânico de Lisboa mantém a traça de Goeze e Daveau e está dividido em duas zonas:

Classe

É a parte superior do jardim, localizada ao nível do edifício do museu num terraço quadrangular. O centro do jardim é ocupado pelo Lago de Cima, onde se encontram espécies como o lírio-amarelo-dos-pântanos (Iris pseudacorus), a planta-do-papiro (Cyperus papyrus) ou o rabo-de-égua (Hippuris vulgaris). À volta do lago, organizados em conjuntos de canteiros, podem ser encontradas espécies como o jacarandá (Jacaranda mimosifolia), o pau-branco (Picconia excelsa), ou o ginkgo (Ginkgo biloba).

 

Arboreto

A parte inferior do jardim, de maiores dimensões e com maior humidade, alberga várias espécies exóticas, com destaque para plantas tropicais e subtropicais. Esta área estende-se ao longo da encosta (até perto da Avenida da Liberdade) com vários canteiros, riachos, lagos e caminhos.

A temperatura dentro do Arboreto pode variar dois a três graus centígrados, pelo que as espécies foram plantadas tendo esta caraterística em consideração. Na entrada podem ser encontradas várias palmeiras, estrelícias arbóreas (Strelitzia reginae) e hibiscos (Hibiscus rosa-sinensis). Além de palmeiras, figueiras tropicais e araucárias, destaca-se a coleção de cicadáceas, plantas ancestrais que habitam a Terra há milhões de anos, semelhantes a palmeiras: o Encephalartos (Encephalartos villosus, Encephalartos horridus e Encephalartos lehmannii), por exemplo, é um género de gimnospérmica originária da África do Sul, que hoje é encontrado apenas em coleções privadas ou jardins botânicos, como este.

Além das cerca de 60 espécies raras, há uma outra razão para visitar este jardim: foi considerado monumento nacional em 2010, incluindo toda a arte e edificações que ali se encontram: o Observatório Astronómico da Escola Politécnica, o edifício dos Herbários, as estufas, o palmário e a antiga estufa em madeira.

Saiba mais aqui sobre o Jardim.

Horário: verão (1 abril a 30 setembro) das 10h00-20h00; inverno (1 outubro a 31 março) das 10h00-17h00. Encerra a 1 de janeiro e 25 de dezembro.

Jardim Botânico da Ajuda

Inicialmente quinta em que se plantavam frutas e hortaliças para o palácio real, o Jardim Botânico da Ajuda foi o primeiro jardim botânico a ser fundado em Portugal e o 15.º a nível europeu. Criado por ordem do Marquês de Pombal, foi no século XVIII uma das mais importantes instituições científicas da Europa e celebrou 250 anos de existência em 2018.

De horta a jardim botânico, transformado em local educativo para os príncipes D. José e D. João, filhos de D. Maria I. O “Real Jardim Botânico da Ajuda, Laboratório Químico, Museu de História Natural e Casa do Risco”, como era apelidado, foi projetado pelo botânico italiano Domenico Vandelli, professor dos príncipes, e fundado em 1768. O seu propósito era o de colecionar e estudar o maior número de espécies do mundo vegetal possível, chegando a reunir mais de 5000 espécies.

Jardim Botânico da Ajuda

Com mais de 250 anos e de 1500 plantas, o Jardim Botânico da Ajuda foi o primeiro a ser fundado em Portugal. Para enriquecer o jardim, Vandelli mandou vir plantas e sementes de jardins botânicos de todo o mundo e foram enviadas expedições científicas para trazer espécimes das ex-colónias.

O botânico Félix de Avellar Brotero (também responsável pelo Jardim Botânico da Universidade de Coimbra) foi um dos diretores do jardim, que fez os possíveis por o manter com os poucos recursos disponíveis. Depois de uma fase de decadência, o jardim foi confiado, em 1836, à administração da Academia das Ciências, tendo servido como apoio ao ensino da Escola Politécnica até à inauguração do Jardim Botânico de Lisboa.

Jardim Botânico Ajuda

Em 1910, este que é o mais antigo dos Jardins Botânicos portugueses, foi entregue ao Instituto Superior de Agronomia, passando a funcionar como infraestrutura de ensino e investigação desta instituição – que integra hoje em dia a Universidade de Lisboa. Os seus quatro hectares estão divididos em dois tabuleiros, com um desnível de quase sete metros. No tabuleiro superior encontra-se a coleção botânica organizada por regiões geográficas; no inferior, o passeio ornamental de traçado geométrico com fontes e estátuas e um “arborinho” (antigo espaço para produção e propagação de plantas reabilitado como jardim de experimentação).

Por todo o jardim, a pedra esculpida, fontes e lagos, relembram as influências renascentistas e barrocas.

Para além de um banco de sementes, o Jardim Botânico da Ajuda apresenta várias coleções a visitar:

Coleção Fitogeográfica

Distribuída pelo tabuleiro superior, nesta coleção estão presentes cerca de 800 espécies. em canteiros organizados por grandes regiões geográficas: Mediterrâneo, África, Américas do Norte e Central, América do Sul, Ásia, Europa Central e Atlântica, Macaronésia e Oceânia.

De destacar a Schotia afra, o único espécime vivo desta espécie africana existente num jardim botânico europeu. A sua copa de grandes dimensões encontra-se suportada por um caramanchão de ferro que fornece uma apetecível sombra, completa com bancos. Introduzida no jardim há mais de 200 anos, constava da listagem de espécies que Brotero fez em 1813. No final da primavera, os seus cachos de flores escarlates pendentes surpreendem os visitantes.

 

Coleção dendrológica

Cerca de 120 árvores dispersas, de 16 espécies diferentes, constituem esta coleção dendrológica (a dendrologia é o ramo da botânica que estuda as espécies de árvores e arbustos lenhosos). A que mais se destaca é o dragoeiro (Dracaena draco subsp. caboverdeana), eleito para figurar no logótipo do jardim. Este espécime foi aqui plantado por Domenico Vandelli, tendo vindo da Madeira já adulto, pelo que além de ser um dos poucos exemplares da coleção original do jardim, estima-se que tenha cerca de 400 anos e seja um dos mais antigos em Portugal.

A coleção inclui espécies muito variadas: o carvalho-cerquinho ou carvalho-português (Quercus faginea), o cedro-do-buçaco (Cupressus lusitanica) que é realmente um cipreste e originário do México e Guatemala e não uma espécie lusitânica, várias araucárias, incluindo a Araucaria bidwillii, a árvore das pinhas gigantes, espécies típicas da floresta laurissilva como o barbusano (Apollonias barbujana), o til (Ocotea foetens) ou o vinhático (Persea indica), um karri (Eucalyptus diversicolor) ou uma sumaúma (Ceiba speciosa) que enfeita os meses de outono com a suas flores cor-de-rosa e cujas fibras eram usadas para encher almofadas, colchões e bonecos.

 

Coleção de plantas aquáticas

O Lago Central, no tabuleiro superior, alberga 15 espécies de plantas aquáticas como o feto-arbóreo (Sphaeropteris cooperi), a orelha-de-mula (Alisma plantago-aquatica) ou o junco-agudo (Juncus acutus). No lago do tabuleiro inferior, na Fonte das 40 Bicas, encontram-se mais 7 espécies.

 

Estufa D. Luis, Estufa das Avencas e Estufa das Orquídeas

As três estufas guardam coleções de plantas de interior. Destaque para a Estufa D. Luís I, construída em 1874 a mandado do rei para acolher a sua coleção de orquídeas, que conservou o seu nome. Atualmente alberga a coleção de plantas xerófilas, adaptadas a viver em ambientes secos e que sobrevivem com quantidades reduzidas de água.

 

Jardim dos Aromas

Um horto de plantas aromáticas e medicinais, desenhado para invisuais, com cerca de 120 plantas dispostas em canteiros elevados e com legendas em Braille. Alecrim ou rosmaninho (Rosmarinus officinalis), salva-dos-jardins (Salvia coccinea) ou funcho (Foeniculum vulgare subsp. piperitum) são algumas das espécies aqui plantadas.

 

Jardim Olissiponense

Área conquistada à mata, o Jardim Olissiponense dedica-se, desde 1995, a albergar árvores e arbustos autóctones da região de Lisboa, segundo a Fitossociologia Paisagista (que indica as espécies vegetais respeitando os processos e gradientes ambientais, relacionados com o clima e solo), apesentando-se hoje como um jardim representativo da vegetação local.

 

O banco de sementes e a coleção botânica do Jardim Botânico da Ajuda agrega 1576 registos, incluindo plantas em estufa e ao ar livre, conservando até aos dias de hoje os objetivos que foi renovando nos mais de duzentos anos de história: contribuir para a educação sobre biodiversidade e para a conservação ex situ de espécies endémicas raras do continente europeu.

Saiba mais aqui sobre este Jardim.

Horário: verão (1 maio a 30 setembro) das 10h00-18h00 nos dias úteis e das 10h00-20h00 nos fins de semana e feriados; inverno (1 abril a 31 outubro), das 10h00-17h00 nos dias úteis e das 10h00-18h00 nos fins de semana e feriados. Encerrado a 1 de janeiro e 25 de dezembro.