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Saúde e Bem-estar

Plantas medicinais: a floresta ao serviço da saúde

O recurso às propriedades curativas das plantas para procurar alívio da doença e da dor é ancestral. Transmitidos desde as mais antigas civilizações, os conhecimentos foram aperfeiçoados e muitas partes de árvores e plantas oriundas da floresta continuam a ter aplicações medicinais e farmacológicas.

A identificação e reconhecimento das plantas com impacte no bem-estar começou cedo, como comprovam vários registos da antiguidade, como a compilação do conhecimento popular sobre plantas medicinais feita pelo imperador chinês Shen Nung (2000 a.C.) e o primeiro tratado médico egípcio conhecido, o papiro de Ebers (1550 a.C.), que descreve 877 “medicamentos”, vários derivados de plantas.

Muitas destas aplicações perpetuaram-se por gerações e, embora a partir do século XVIII o progresso das ciências modernas tenha enriquecido de modo significativo o conhecimento antigo sobre as plantas medicinais, a sua utilização manteve-se assente em saberes maioritariamente empíricos. Isto não impediu, no entanto, que grande parte dos medicamentos receitados pelos médicos tivesse origem em plantas medicinais até à primeira metade do século XX.

Qual a relação entre as plantas medicinais e os medicamentos modernos?

Na segunda metade do século XX, a generalização dos medicamentos sintetizados substituiu muitas terapêuticas tradicionais à base de plantas. Isto aconteceu em particular na Europa e América do Norte, onde as evidências científicas sobre a eficácia e segurança dos fármacos se sobrepuseram aos conhecimentos tradicionais.

No entanto, ainda hoje muitos medicamentos convencionais integram ativos derivados de plantas. O caso mais conhecido é, talvez, o da Aspirina, modelada a partir do ácido salicílico, um composto (polifenol) encontrado na casca dos salgueiros (Salix spp.).

As plantas mantêm-se também como fontes de dezenas de medicamentos cujos benefícios assentem no uso tradicional. Nos países da União Europeia, a Autoridade Europeia do Medicamento (EMA) reconhece e autoriza os “Medicamentos à base de plantas” e os “Medicamentos tradicionais à base de plantas”, desde que cumpram uma série de requisitos:

Medicamentos

–  Medicamentos à base de plantas – autorizados depois de apresentarem resultados de ensaios físico-químicos, biológicos ou microbiológicos, bem como farmacológicos e toxicológicos, e ensaios clínicos que comprovem a sua qualidade, segurança e eficácia (ou seja, as mesmas provas a que são sujeitos os outros medicamentos).

– Medicamentos tradicionais à base de plantas – autorizados com base em estudos científicos publicados, no longo histórico de utilização na Europa e se as suas substâncias ativas tiverem um uso clínico bem estabelecido, eficácia reconhecida e um nível de segurança considerado aceitável. São sempre medicamentos de venda livre, com indicações que não implicam diagnóstico, receita ou acompanhamento médico.

Em ambos os casos, estes medicamentos têm como ativos, em exclusivo ou em associação, substâncias derivadas das plantas ou preparações à base de plantas, explica a autoridade portuguesa do medicamento – Infarmed.

À descoberta das ‘árvores medicinais’

Várias árvores que encontramos nas florestas, bosques e até em jardins portugueses mantêm-se, por isso, como fonte de ativos usados na produção de medicamentos, sejam eles sintéticos, à base de plantas ou tradicionais à base de plantas. Conheça cinco exemplos: